O mandato de Donald Trump é assumida e legitimamente um projecto de violação da Constituição dos Estados Unidos e de imposição de uma práxis criminosa como critério último (quando não primeiro) de decisão governativa. Projecto assumido porque foi anunciado na campanha, e projecto legítimo porque o eleitorado americano quis dar o poder, agora com a maioria do voto popular, a quem tentou derrubar e enfraquecer as instituições democráticas.
Nesse sentido, estamos perante algo que se inscreve numa possibilidade do sistema político norte-americano. Era possível, mesmo que impensável por ter sido altissimamente improvável durante dois séculos e tal, aparecer alguém como Trump para fazer o que Trump está a fazer. Apareceu, e também se chama Trump. Logo, este ciclo faz parte da evolução da democracia nos EUA; e por extensão, dada a sua importância histórica, da evolução da democracia — e do capitalismo — no mundo.
Um dia Trump estará morto. Se tudo correr bem, tal não acontecerá sem ele ter esgotado estes últimos 4 anos na Casa Branca para que foi escolhido sem qualquer falha, ou dúvida, no processo eleitoral. Outras pessoas continuarão a pensar de modo diferente do seu nesse país, outras pessoas continuarão a nascer por lá, ou lá a se tornarem americanos, que quererão viver de acordo com outros valores. Não fazemos ideia de como será a democracia nos EUA em 2050. Sequer em 2030.
Que fazer dado o impacto de termos uma superpotência outrora liberal a juntar-se à Rússia e à China no culto de ditadores? Temos de nos orgulhar daqueles que preservam a nossa democracia, defendem a nossa liberdade. E se para continuarmos assim for preciso combater, mesmo que só no plano das ideias, não há combate mais belo.
Nunca houve, nunca haverá.
13 Fevereiro 2025 às 8:38 por Valupi
Do blogue Aspirina B
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