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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Recepção Orientada:

Sempre tive algum receio em escrever sobre guarda-redes. Pela emotividade do calor do momento que eles inspiram, mais do que qualquer jogador de outro posto. São o último reduto no relvado, aquelas figuras pétreas tantas vezes sós. Movem-se numa linha ténue, frágil e tripartida entre o ignorado, o herói e o vilão.
Ao mínimo erro, perante uma falha ou um azar comprometedor, absorvem um coro de críticas e ficam debaixo da pressão dos holofotes. Num dia bom diz-se que fizeram o seu trabalho, afinal de contas eles estão lá é para defender.
São os mais visados nos seus maus momentos, que acontecem a todos os atletas. Uma grande defesa, esteticamente bela até, não salva um chamado “frango” se a equipa não vencer. Mesmo perante todas estas condicionantes eles voltam. Sempre. Há que continuar.
Naqueles raros momentos de desempate, nas Taças, os guardiões têm maior margem para brilhar. Mas até aí, nas grandes penalidades, a competência vai sendo dissolvida numa “lotaria” que nos entra pelos ouvidos e pelas vistas.
Esquecidos por muitos, até no esquema tático que não raras vezes, tudo somado, contempla apenas 10 elementos.
Pertencem a uma estirpe de bravos destemidos a guardar as redes e que tantas vezes são voz de comando e grito de incentivo. Passe o que passar, eles vão estar lá. A derradeira retaguarda. Barómetro emocional de um coletivo e de um jogo de paixões.
Por vocação ou por força do destino eles vivem assim, no fio da navalha.
PM

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