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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Pude assistir à admirável intervenção da professora universitária iraniana Sepideh Radfar na CNN (P) entre as 20:30 e as 21:00:

Aconselho vivamente! Um discurso limpo, claro, directo, sem hipocrisia nem preconceito. Ar fresco discursivo. Disse: Donald Trump reuniu directamente com Netanyahu no sábado passado, uma longa reunião na qual exigiu que a guerra em Gaza terminasse imediatamente antes da sua tomada de posse. Disse também: que a equipa de Trump, já no terreno, colocou tais exigências que Netanyahu percebeu que não tinha ouitra hipótese. E citou uma entrevista do Embaixador dos EUA ao Times israelita na qual confessa que os democratas perderam as eleições porque o apoio militar de Biden a Israel com ajuda militar constante apesar dos massacres - até à passada semana (pasme-se) - desagradou aos americanos.
Por isso: Shame on you Biden! Shame on you Democrats! Não é, longe disso, a primeira vez que republicanos põem fim a guerras começadas por democratas no mundo. Neste caso Trump fez o que disse que ia fazer. A administração Biden propunha acordos de paz, tréguas, aos quais o governo de direita israelita não ligou nada, zero! Faziam o que queriam com o dinheiro e as armas que não paravam de chegar dos EUA. Falta de capacidade negocial, falta de autoridade política, pedir acordos com uma mão e enviar armas com a outra. Ver a alegria nas ruas de Gaza e de Israel foi digno da nossa alegria: aqueles massacres não podiam continuar. Mas até teve algo de grotesco ver Biden reclamar os acordos (que tentavam há muito sem nenhum sucesso) quanto todo o mundo já tinha lido o anterior anúncio de Trump. O partido democrata devia gravar a letras de ouro na sua sede a descrição do seu falhanço nestas guerras que não pararam de fomentar, de financiar e de colher as vantagens do negócio. Shame on you Democrats! Vergonha! Quem tinha razão eram aqueles poucos manifestantes nos comícios dos democratas que protestavam contra o apoio a Israel em Gaza. Devem ter votado em Trump e pelos vistos fizeram bem. Quase 50 mil mortos, vidas que podiam ter sido poupadas se restasse uma réstia de vergonha a Joe Biden, uma réstea de coragem e capacidade política. Shame on you Biden. Que miséria! Foi preciso ir lá Trump para haver finalmente uma trégua na guerra, um acordo, uma cedência da extrema-direita que governa Israel Vão ser precisos muitos anos e muitas asneiras de Trump para terem alguma hipótese nas próximas décadas.
E, importante lembrar que foi o Presidente Eisenhower (um general republicano) que fez o discurso sobre os perigos do poder excessivo do complexo militar-industrial, poder que (está vivo) mostrou nestes anos a sua ligação próxima aos falcões do partido democrata sempre prontos a atacar outros países: Hilary na Libia, Bill Clinton na Sérvia, (onde a história foi muito complicada). Não aprenderam nada. O G.W. Bush invadiu o Iraque e o Afeganistão. Também há falcões nos republicanos, é óbvio; e na União Europeia, Ursula, uma valquíria do século XXI e como disse Ana Cristina Pereira Leonardo a Ana Cristina Leonardo que aqui saúdo por nos ajudar a encarar as verdades dolorosas e a cegueira em que o "ocidente" dos "nossos valores" se compraz: "Foi a Primavera Árabe, agora é o milagre da Síria. Foi a Ucrânia - com todas as promessas imorais que garantiam a vitória dos ucranianos, incluindo na Crimeia —, agora é a proposta de uma força europeia. de manutenção de paz, enquanto a guerra que decorre vai fazer três anos em Fevereiro contrariando a assertividade de Von der Leyden em 2022 de que a derrota da Rússia estava por um fio, a que acrescia a convicção vendida então ao estimado público de que as tropas russas, famintas e tendo apenas à disposição material bélico obsoleto, se renderiam em menos de uma semana. Se, como sabemos, "a primeira vitima da guerra é a verdade", era preciso mentir tanto? […]. No ípsilon onde escreve às sextas-feiras.
Não é só escrever bem. É pensar melhor.
Tem-se mentido muito!
Postscriptum 1: as afirmações da professora Radfar foram feitas com grande segurança e, além disso, Guterres, Macron e outros dirigentes para além dos americanos vieram celebrar o acordo. No dia seguinte o governo de Israel faz o número do costume: deixa os seus cidadãos e os paalestinianos a celebrar o acordo nas ruas e bombardeia Gaza afirmando que só ratifica o acordo se...o Hamas garantir.... há muita gente no mundo que prefere continuar a bombardear. Assassinar inocentes e inimigos reais parece ser um desporto divertido para Israel, Russos e outros. Vamos ver depois de mais uns tantos mortos.
PS 2: Esqueci-me momentaneamente que vivemos na era da pós-verdade. Dirigentes políticos ontem celebraram o facto de acordo entre Israel e o Hamas ter sido aprovado para 6 semanas.
Hoje Israel diz que só ratifica se o Hamas der garantias.

O número do costume: por maiores e mais solenes que sejam as declarações, no dia seguinte nada é verdade, aparentemente.

António Pinho Vargas

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