O dramático, hoje, como há quinhentos anos, para quem tiver consciência, será responder à pergunta deixada pela Alexandra Lucas Coelho: - O que fizeram contra isto? - que filhos ou netos farão aos seus pais ou avós, sobre nós. Isto na esperança de os nossos filhos e netos não serem iguais a nós e nós não sermos iguais aos que participavam nos autos de fé em ambiente de festa.
Umas de maior importância que outras. Outrora assim acontecia. É por isso que gosto de as relatar para os mais novos saberem o que fizeram os seus antepassados. Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdios se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção).» Mais tarde Freamunde. "Acarinhem-na. Ela vem dos pedregulhos e das lutas tribais, cansada do percurso e dos homens. Ela vem do tempo para vencer o Tempo."
Rádio Freamunde
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domingo, 29 de dezembro de 2024
Israel é a Santa Inquisição do Ocidente, ou o Ocidente é o braço secular de Israel?
Apanhei com as duas notícias quase em simultâneo. Israel destruiu o hospital Kamal Adwan, o último que ainda funcionava em Gaza. Os médicos e os doentes foram forçados a sair, alguns nus, como se encontravam, em fila indiana, antes do edifício ser incendiado.
No Público um artigo de Alexandra Lucas Coelho, com o título “Israel acabou. O futuro é da Palestina.”
“ Esse horror não seria possível sem as bombas e os milhões dos EUA. Biden é um criminoso de guerra. Como Scholz, Ursula, a maior parte da UE (com três ou quatro países a fazerem a diferença). O mundo que permite que se extermine um povo em nome de Deus, e ainda se considera religioso…”
O genocídio que Israel está a cometer na Palestina coloca a questão de ser a comunidade judaica que determina a política dos Estados Unidos ou se são os Estados Unidos que determinam a política de Israel. No fundo trata-se da mesma velha questão de saber se, enquanto existiu, era a Inquisição que determinava a política dos reinos de Portugal e de Espanha, ou se eram estes reinos, os Estados, que utilizavam a Inquisição como seu instrumento de poder. Israel elimina os palestinianos para impor o seu poder de forma inquestionável, em interesse próprio ou os Estados Unidos utilizavam Israel para imporem o seu poder no Médio Oriente?
A posição estratégica da Palestina no Médio Oriente faz com que o seu controlo constitua um objetivo vital para os Estados Unidos. Esse interesse é assegurado por Israel. A existência de palestinianos, os nativos, constitui um obstáculo para a justificação do direito de controlo absoluto do território por parte dos Estados Unidos. Israel foi criado, entre outras razões, com o argumento do direito dos judeus à posse do território pela ancestralidade bíblica (na realidade idêntica à de todos os povos semitas da região). Israel foi criado, existe e atua com a violência e a crueldade que são impossíveis de ignorar para eliminar os palestinianos, para eliminar os que colocam em causa o poder dos Estados Unidos na região através de Israel.
A Santa Inquisição dispunha de um Manual do Inquisidor que justificava a tortura para obter a confissão e mesmo a conversão dos judeus, que entregava os condenados ao braço secular para execução da sentença de morte, que tanto punia os relapsos, como ajudava os conversos a irem para o Paraíso mais cedo.
A dúvida que se coloca na relação atual entre os Estados Unidos e Israel nesta adaptação do Manual do Inquisidor de eliminação de um povo é a antiga dúvida se era a Inquisição que determinava ao Estado a política de morte dos hereges, ou se era este, o Estado, que utilizava a Inquisição como um instrumento da sua política de poder absoluto. Ou se ambos atuavam em conluio. O direito da Inquisição, que representava a maioria cristã, armada, se defender dos hereges é, curiosamente, o mesmo atualmente invocado do direito à existência de Israel, que está fortemente armado e constitui a maioria reinante.
No século XV em Estanha, era Tomás Torquemada, o Inquisidor mor, insano e fanático, ou Fernando de Aragão e Isabel de Castela, os reis católicos que governavam a Espanha e a “limpavam” de judeus e muçulmanos, e hoje, é Netanyahou ou o presidente dos Estados Unidos que determina a matança dos palestinianos, o auto de fé de Gaza?
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