A A25A e a operação Policial no Martim Moniz.
Portugal está comemorando os 50 anos do 25 de Abril.
25 de Abril da Liberdade, da Paz, da Justiça Social, da Igualdade, da Solidariedade, dos Direitos Humanos.
50 anos onde esses valores têm vindo a ser praticados, mas também espezinhados por alguns períodos, felizmente mais curtos que compridos, por actores que nunca aceitaram pacificamente que Abril é, acima de tudo, Vida digna.
Os tempos que atravessamos parecem querer dar razão aos que, querendo o Poder só para eles, proclamaram por várias vezes que “o povo português não sabe viver em democracia, não está preparado para ela, não a merece”!
Até hoje, esse povo, que acusam de ser “inculto, atrasado e impreparado”, tem sabido sempre, em momentos difíceis onde tudo parece estar perdido, resistir aos que o pretendem de novo dominar, agrilhoar e submeter.
A Associação 25 de Abril, que congrega a enorme maioria dos Militares de Abril, responsáveis maiores pelos actos de derrube da ditadura, libertação, construção da paz e do Estado democrático, porque assume a responsabilidade dos que assim procederam, não se demitindo de continuar a luta para que esses valores perdurem na sociedade portuguesa, não pode deixar de proclamar, com forte determinação, que o caminho não passa por demonstrações de força, com violação dos naturais direitos dos cidadãos.
O que se passou ontem, dia 19 de Dezembro de 2024 em Lisboa, na zona do Martim Moniz, é de todo em todo inaceitável, tem de ser denunciado por todas as mulheres e todos os homens livres e de bem, no sentido de que tal se não volte a verificar.
A PSP e as demais Forças de Segurança têm como missão a defesa da integridade e da segurança dos cidadãos, a defesa da ordem-pública, não podem ser utilizadas para, através de cenas condenáveis, onde não são respeitados os mais elementares direitos dos cidadãos, darem um espectáculo público, numa falsa demonstração de força, só necessária e justificável para quem sente que a verdadeira força lhe falta.
O Poder democrático legítimo não precisa, nem pode entrar por este tipo de procedimentos. Com isto, só dá forças aos extremistas que têm como objectivo recriar uma sociedade subjugada, pelo medo e pela violência.
Por tudo isso, proclamamos que “Basta”, que há que parar este tipo de atitudes, que há que praticar uma verdadeira democracia, que tem como essência uma vivência sã e sem medo ou coacção, por parte de todos: cidadãos mas também os agentes do Poder.
Só assim estaremos fazendo Abril, só assim seremos dignos de comemorar os 50 anos da sua vivência, garantindo a sua continuação por muitos mais anos.
Porque queremos que Abril seja o Futuro,
25 de Abril, Sempre!
Lisboa, 20 de Dezembro de 2024.
P’A Direcção
Vasco Lourenço
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