(Por José Gabriel, in Facebook, 12/11/2024)
Da tribuna da Assembleia da República, a Ministra da Saúde assumiu a – “total” -responsabilidade dos desaventos, tragédias e erros praticados no e pelo seu ministério. E por si. Referia-se à grosseira incompetência no(s) caso(s) do INEM, mas ela bem sabe que há mais, muito mais.
Em todos os casos, em diversas áreas da saúde, a ministra demitiu-se de responsabilidades, atribuindo-as a outros – não raro demitindo-os a eles – ou à treta da “pesada herança”, a qual, a existir, mais devia ser um desafio à superação que uma pastosa desculpa para inércia.
Por todo o lado alguns dos melhores, perante os dislates da criatura, tomam a iniciativa de abandonar. É, de resto, um dos efeitos mais graves de que sofrem as instituições do Estado quando este é governado por incompetentes e trastes movidos por muitas e várias motivações que não as do serviço público – partem os melhores, por se recusarem a pactuar.
Mas voltemos ao princípio, ao momento em que a ministra assumia as suas responsabilidades. É que todos ficamos suspensos, esperando a mais do que provável demissão da senhora. Mas não! Diz ela que fica. E fica para resolver os problemas do sector. Ela, que, em tão pouco tempo, se tornou uma perita em criar problemas. Ela, que tem ostentado a mais insuportável irresponsabilidade. Ela, que reage aos mais tristes eventos ocorridos sob a sua guarda com uma insensibilidade quase patológica. Ela, cujos ódios de estimação parecem já ter interferido no desempenho de um cargo que devia ser invulnerável a caprichos pessoais. Ela fica.
Lembremos, devagar para até a senhora ministra e os seus admiradores perceberem: assumir a responsabilidade em situações como esta, é uma admissão que não se esteve à altura, que se prejudicaram pessoas e instituições por incapacidade para cumprir. Portanto, deixa-se a outro a oportunidade de fazer melhor, de mostrar uma competência de que não se foi capaz. Assumir responsabilidades implica um gesto, uma assunção de impotência e uma inevitável consequência, a partida. Não acontecendo isto, é apenas retórica para palermas que, parece, a ministra pensa que todos somos.
A ministra fica. Esperando, talvez, que os mortos do futuro lhe perdoem a insensatez. Já agora: o primeiro-ministro está feliz. Porque não é melhor que isto. Porque, simplesmente, não presta.
Do blogue Estátua de Sal
Sem comentários:
Enviar um comentário