Ainda se pode falar de vencidos, sim...mas como algo anacrónico, fora da história e do chamado "sistema democrático" . Como uma espécie de excrescência social, ou estranha bizarria...
Ainda se pode falar sim...mas com uma solene advertência: O Vosso Tempo Acabou!
Mais do que um juízo histórico, é uma cruzada de ódio, alimentada ao longo destes 50 anos por medos e fantasmas a exorcizar: a loucura revolucionária como bode expiatório para incapacidades e bloqueios de uma democracia complexada pelo seu nascimento revolucionário, que, em vez de se afirmar pelo que defende, se afirma mais pelo que nega e ataca: a revolução da qual nasceu e, com ela os seus maiores símbolos e sinais.
Mas um fantasma é sempre uma ameaça, uma inconveniência...uma rasteira da memória, essa "louca da casa" que mais não faz do que mostrar-nos as múltiplas faces do passado. Por mais que a tentem afeiçoar com operações de "modelação" ( no lexico do perfeito de colégio interno, ex- aluno aplicado, Leitão Amaro) e a queiram como convidada de honra nos momentos altos da narrativa de legitimação simbólica que todo o poder precisa (tanto quanto a contabilidade eleitoral) a verdade é que ela tem o poder imenso de a qualquer momento estragar a "festa do consenso", Tanto mais que sabe, melhor que ninguém, quanto esta se faz à custa da violência da repressão e do silenciamento de tantas vozes em conflito.
Alguém disse: A memória é uma batalha entre quem não quer lembrar e quem não pode esquecer. E mais: os vencedores comemoram-se sempre a si próprios, porque o que se comemora é sempre o presente, ou o que do passado interessa ao presente.
Pelo meio circulam fantasmas...que não pertencem nem ao passado nem ao presente... Muitos deles talvez sejam (quem sabe) antes espectros á maneira de Derrida: espectros que vêm do futuro!
Dentro de dias, a AR, com uma ampla maioria aritmética de Drta e extrema Drta prepara a concretização de um sonho antigo: comemorar solenemente o 25 de Novembro. Melhor: um certo 25 de Novembro "sacralizado pelos novos oportunistas como o dia em que lhes saiu a lotaria e se fizeram democratas" (Matos Gomes).
Entretanto, não se livram do incómodo da visita inesperada de alguns desses fantasmas insepultos: Diniz de Almeida, Carlos Fabião, Corvacho, Melo Antunes, Costa Gomes, entre tantos outros. E à frente deles todos, a dupla Otelo/Vasco Gonçalves o rosto bifronte da utopia-
O que podem contra eles, Spínola ou Jaime Neves, cujos perfis vêm há muito a ser "modelados" e que tiveram nestes 50 anos um importante upgrade com dois livros que mais parecem duas reluzentes cruzes de guerra! A memória é uma batalha...
25 de Novembro Próximo Venturo. Tem com ele o nome...e muitos muitos fantasmas!...
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