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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

XXIV Governo Constitucional:

Montenegro revelou ser um hábil gestor dos seus assessores, Marcelo contra a extrema-direita, Paulo Rangel contra o PS e Moedas contra a verdade.
Enquanto cria condições para ganhar as eleições autárquicas à custa da folga orçamental que herdou e as legislativas que deseja para voltar a colocar-se à frente do PS, já lança candidatos para a vitória das presidenciais que a atual correlação de forças lhe garante.
A impunidade é tal que a arrogância e a provocação passaram a ser a marca da comissão de propaganda que os seus assessores protagonizam.
Chegado às últimas eleições com as mais baixas expetativas e os piores resultados, cedo escolheu a narrativa para cavalgar as ambições da direita, que se resigna a qualquer líder que lhe assegure o poder.
Líder de um partido em sério risco de desaparecer entre o PS e o Chega, este gerado no seu seio, aposta agora em inverter a situação através do aparelho de Estado confiscado.
É por isso relevante historiar sucintamente as circunstâncias em que Montenegro passou de improvável PM a artífice de um auspicioso partido a partir dos destroços do PSD.
Marcelo, alarmado com a maioria absoluta do PS, empenhou-se a desgastar o Governo com a ingerência na área da sua competência exclusiva e da diabolização de ministros. Foi-lhe fácil, quando ainda gozava de credibilidade, entre gelados e moscatel, convencer o país da incompetência de Galamba e de suspeitas sobre a de outros.
Talvez por coincidência, o Ministério Público escutou vários ministros visados durante anos sem razões plausíveis e os excessos foram sancionados por juízes de instrução.
No absoluto desconhecimento de António Costa, uma suspeita sobre si próprio chegou ao STJ e logo o presidente se apressou, sem investigação dos magistrados do Ministério Público aí colocados, a dizer publicamente que a corrupção chegara ao mais alto nível do aparelho de Estado.
A seguir, após reunião com o PR em Belém, a PGR enviou à imprensa um comunicado com um parágrafo que obrigaria o PM a demitir-se para salvar a dignidade do cargo. Por ironia, a leviana afirmação do presidente do STJ e o infamante parágrafo sugiram da confusão do nome de um ministro com o do PM. Parecia existir um Poder Judiciário como expressão de uma patologia institucional generalizada.
Depois disto bastou a dissolução da AR pelo PR que não aceitou um novo PM indicado pelo partido com maioria absoluta no Parlamento para consumar o golpe de Estado.

Portugal assiste agora ao melancólico ocaso do PR que extinguiu a dignidade ao cargo e às consequências da subversão da ordem democrática.

amemoriaecurta #montenegronaomarcelonunca

Carlos Esperança 

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