Não se tinha celular, internet, facebook e Instagram para dar "cabo" do dia e da noite. Mas tínhamos as nossas distrações e movimentações.
Lembro as desfolhadas em que grupos de rapazes e raparigas se deslocavam até às Eiras dos lavradores com a finalidade de prestar os seus préstimos. Não iam só pelas desfolhadas. Iam para ter o convívio, os rapazes das raparigas, as raparigas dos rapazes. E quando se desfolhada uma espiga encarnada, fosse o rapaz ou a rapariga, recebia um beijo, da sua, ou seu predilecto. As raparigas eram mais recatadas. Às vezes escondiam esse achado. Regra geral eram as que tinham namoro fixo.
Também se cantava as cantigas da moda. Era um autêntico arraial sobre a luz das candeias.
Era época propícia para namoricos fora dos olhares dos pais. Até casamentos se arranjaram através das desfolhadas.
Acabadas estas vinham as vindimas e pisa da uva passados meses. Voltavamos a prestar os nossos préstimos. Era a maneira principalmente nas pisas de voltarmos a conviver com raparigas. Grande algazarra sobre um cálice de aguardente. De braços sobre os ombros de cada um e sobre marcha cadenciada prosseguia a pisa e saía uma cantoria.
Aqui as raparigas não prestavam os seus préstimos. Corria à boca cheia que o sexo feminino se fosse para o lagar o vinho mais tarde não fervilhava derivado às raparigas não ter pêlos nas pernas.
Como digo no princípio do texto não tínhamos celular, internet, facebook e Instagram. Mas tínhamos a convivência salutar da nossa juventude.
Manuel Pacheco
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