PSD contesta sondagem mas faz mal as contas
A secretaria-geral do PSD enviou
um email aos seus militantes em que alerta para o que classifica como
"grosseiras contradições" de uma sondagem da Aximage publicada pelo
JN, DN e TSF. Nessa sondagem, projetava-se um resultado de 26,6% para o PSD
quando, segundo os responsáveis sociais-democratas, deveriam ser 30,3%.
O email enviado na noite de
segunda-feira intitulava-se, de acordo com um exemplar a que tivemos acesso,
"Sondagem contraria-se a si própria". Incluía, para além da intenção
de voto original, um resultado alternativo, extrapolado a partir do cruzamento
entre voto presidencial e legislativo.
De acordo com os técnicos da
Aximage, a fórmula utilizada pelo PSD não é válida e "provocou uma
distorção dos resultados". Acresce a esse erro inicial, ter sido usada,
não a intenção de voto projetada pela sondagem, que era o que estava em causa,
mas os resultados reais da eleição presidencial, com isso agravando ainda mais
a distorção.
Assim, o resultado projetado para
o PSD mantém-se nos 26,6% (uma subida de 1,2 pontos percentuais face à sondagem
anterior, de dezembro), e não nos criativos 30,3% que o PSD reclama. Da mesma
forma, o resultado que a sondagem apurou para o PS é de 39,9% e não os 38,3%
que o PSD entendeu atribuir aos socialistas.
O próprio PSD reconhece, no email
enviado aos seus militantes, que "os dados calculados desta forma, têm
tanta credibilidade como os publicados nos jornais, ou seja, nenhuma".
Reconhece portanto que faz um exercício que não se sustenta em critérios
técnicos. E acusa também a Aximage de não ter credibilidade, apesar da sondagem
obedecer a critérios técnicos que a lei impõe, para além de ser depositada na
Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que a publica, de forma a que
possa ser escrutinada, tanto por especialistas como pelo cidadão comum.
A posição da Aximage pode ser lida
na íntegra:
EM NOME DA VERDADE
Realizou a Aximage uma sondagem
política entre os dias 9 e 15 de janeiro que foi publicada no Jornal de
Notícias, no Diário de Notícias e na TSF.
Nessa sondagem era perguntada a
intenção de voto nas eleições presidenciais e, se houvesse eleições
legislativas, em que partidos os entrevistados votariam.
A intenção de voto nas
presidenciais foi publicada no dia 22 de Janeiro e nela eram apresentados os
seguintes resultados (entre parêntesis os resultados efetivamente obtidos nas
urnas de voto):
Marcelo Rebelo de Sousa: 59,7%
(60,7%)
Ana Gomes: 15,4% (13%)
André Ventura: 9,7% (11,9%)
João Ferreira: 5% (4,3%)
Marisa Matias: 4,3% (3,9%)
Tiago Mayan Gonçalves: 3,3% (3,2%)
Vitorino Silva: 1,5% (2,9%
Como se pode ver, a sondagem acertou na ordenação dos candidatos e a diferença entre a projeção e o resultado final do candidato vencedor foi de apenas um ponto percentual.
No dia 26 de janeiro, foram
publicados pelo JN, DN e TSF, os resultados da sondagem sobre a intenção de
voto em eleições legislativas. Recordamos que a sondagem foi realizada entre os
dias 9 e 15 de janeiro.
Por se achar interessante o
exercício, cruzou-se a intenção de voto nas presidenciais com a intenção de
voto nas legislativas. Como é evidente, tratou-se de uma operação efetuada
exclusivamente com os dados da sondagem.
A determinação da intenção de
voto resulta de uma operação independente de qualquer resultado (real ou
estimado) das presidenciais, pois para além de ser descabido, não tem qualquer
suporte metodológico.
O PSD decidiu pegar numa parte
dos dados publicados pela Aximage, concretamente o cruzamento das intenções de
voto presidencial para intenção de voto legislativo, e aplicar sobre eles operações
aritméticas simples, no caso uma regra de três simples. A utilização desta
regra não é válida e provocou uma distorção dos resultados. Por outro lado,
fê-lo partindo dos resultados da eleição presidencial, e não dos resultados
obtidos pela Aximage referentes à intenção de voto presidencial. Ao alterar a
base, alterou também os resultados.
Percebe-se que os resultados
tenham causado tanta crispação. Se a intenção de voto nas presidenciais se
mostrou acurada, é expectável que os dados de intenção de voto nas legislativas
também o estejam. Foram os mesmos entrevistados, a mesma metodologia e o mesmo
tratamento de dados.
Não culpem o mensageiro e não
deitem mão a operações intelectualmente desonestas. Tentar negar a tendência,
que várias empresas de sondagens têm vindo a apurar, não passa de um ato
falhado.
João Fonseca Ferreira e Hugo
Mouro, Aximage.
Rafael Barbosa no JN
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