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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Se chegar às 12 derrotas, chicotada nele:



Numa altura em que se discute o presente e o futuro do jornalismo (por inerência, igualmente o seu passado), dá vontade de ir para a janela bater em tachos de modo a aliviar a fúria quando estamos mergulhados nisto que a “notícia” acima impõe e alimenta no espaço público: uma campanha mediática contra um juiz – que se limita a querer cumprir a lei com zelo pelos direitos dos arguidos e acusados – a quem foi atribuído um processo onde os poderes fácticos (no caso, da oligarquia) pretendem usar a Justiça para obter ganhos políticos (de ordem vária, da táctica à estratégica, passando pela vingança). Os mesmos poderes explícitos e implícitos que ignoram, escondem ou aplaudem os abusos do poder da Justiça desde que sejam contra aqueles que queiram assassinar politicamente.

Por que razão não vai ser possível encontrar um único jornalista capaz de explicar o que está juridicamente em causa na decisão do Tribunal da Relação de Lisboa referida acima? Por que razão não existe um único jornalista, a não ser avulsa e vagamente em espaços de opinião, capaz de expor a estratégia de amalgamento, confusão, do Ministério Público ao ter optado pela criação de um megaprocesso na “Operação Marquês” com vista, precisamente, a obter as consequências perversas que este episódio ilustra? Por que razão tem sido tão fácil fazer na “imprensa” (incluindo a da “referência”) o culto da personalidade de Carlos Alexandre, Rosário Teixeira e Joana Marques Vidal, e tão fácil diabolizar Ivo Rosa de forma sistemática e desde que se conseguiu meter Sócrates numa prisão?

É que para os mandantes e para os borregos do vale tudo não chega que Sócrates e terceiros estejam há cinco anos numa masmorra onde foram despidos do seu prestígio, credibilidade, bom nome, dignidade. Não chega que Sócrates tenha mais não se sabe quantos anos de privação de plena liberdade, podendo realmente acabar por voltar a ser preso (e por excelentes razões, se se provarem as acusações) e a ter de pagar ao Estado somas neste momento incomensuráveis. O processo de investigação, e agora o da instrução, é parte do linchamento maníaco onde os pulhas e os broncos vêem qualquer apelo à razão, à Constituição, à mínima decência como expressão de defesa do monstro que perfuram e queimam no bacanal do ódio político, o ódio tribal mais arcano e animalesco.

Não haver jornalistas, jornais, televisões, rádios, um órgão de comunicação com jornalistas encartados lá do cu do mundo onde haja coragem para defender a liberdade nas muralhas da cidade, eis a verdadeira crise que em muito ultrapassa o jornalismo.

Do blogue Aspirina B


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