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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Quem não sabe estar – Um canalha não sabe:

(Carlos Matos Gomes, 16/06/2019)
Acabei de ver os primeiros minutos do programa “Quem não sabe estar”, ou coisa do género, uma imitação dos talk shows das televisões dos EUA. Este de hoje, na TVI, convenceu-me: o personagem que apresenta aquilo é um canalha. Chama-se Ricardo Araújo Pereira – com graça ou sem graça, com guinchinhos ou trejeitos a questão moral: ele é um canalha. 
O que distingue um canalha de um tipo decente é a atitude perante os indefesos. O canalha humilha os indefesos. Os pides eram canalhas, não pela ideologia, mas por torturarem, violentarem pessoas indefesas. Eram canalhas porque podiam ofender sem correrem riscos. Foi o que o pretenso cómico Ricardo Araújo Pereira fez com Armando Vara, hoje, há pouco. 
Armando Vara está preso e foi exposto, por gente de baixo carácter, numa comissão da Assembleia da República. Mandava a decência que a dita comissão de deputados não promovesse o espectáculo do aviltamento de um cidadão preso, trazido algemado à Assembleia da República. 
Ao aviltamento promovido pelos deputados, correspondeu o dito cómico com uma canalhice guinchada e histérica. O homem, neste caso, o Vara não se pode defender: vá de o utilizar para ganhar a vida. Presumo que se Vara fosse um criminoso de sangue, um assassino com um gangue atrás, o Ricardo não se atreveria a humilha-lo e a utilizá-lo para pagar o seu cachet. Podia sempre receber de troca um tiro, uma tareia. Mas, perante o Vara, o Ricardo sente-se imune. É um cobarde, além de canalha.
Conheço, de o viver e de ter de decidir a vida e a morte de prisioneiros, a situação de olhar nos olhos aqueles de quem somos os senhores da vida e da morte. Sei a canalhice que é fazer humor com essa situação, mesmo que seja necessário matá-los.
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A rábula de Ricardo Araújo Pereira sobre um preso é reveladora de um carácter, de um canalha que não tem a noção da dignidade. Vara pode ser o que quisermos e o que um tribunal disse que era, mas nenhuma pessoa de caráter tem o direito a humilhar quem foi julgado, quem a sociedade tem à mercê.Ricardo Araújo, na sua rábula sobre Vara, emparelhou-se (de parelha de bestas) com o chamado juiz Moro no processo contra Lula. 
Havia risos e gargalhadas na assistência da rábula do Ricardo Araújo Pereira. Também os há no Brasil de Bolsonaro e Moro, também os havia nos autos de fé da Inquisição. Também os houve nas execuções pela guilhotina na Revolução Francesa. 
Ricardo Araújo Pereira merece-me um vómito com esta rábula. Alguns riram alarvemente. Gente que vive em pocilgas. Ricardo Araújo Pereira revelou que podia ser ele a arrastar prisioneiros presos pela trela, ou por se colocar atrás de um mastim para os humilhar, depois de os prender e os deixar indefesos. 
Os cobardes têm rosto.
Do blogue Estátua de sal

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