Salazar figura entre os maiores criminosos da história da Europa. Estão nas mãos do seu Regime não centenas ou milhares de mortos - como erradamente se refere - mas muito mais, dezenas de milhar de mortos. Assassinados sob assinatura do Chefe Salazar, no seu gabinete pobre, com manta nos joelhos.
Foram 48 anos de uma ditadura, erigida à sombra de Salazar, um “honesto” político que, com base no trabalho miserável em Portugal, e no trabalho forçado nas colónias, criou os 5 maiores grupos económicos portugueses. Hoje, um leigo desconhece que estas famílias não existiam como tal, foram precisos 48 anos de ditadura para se criar esta riqueza obscena, que fez do Estado um bando armado contra a população. Sim, para evitar revoltas destes trabalhadores contra a miséria, o “honesto” Salazar proibiu sindicatos, partidos políticos e governou com uma polícia política, a PIDE. O Estado era a PIDE e a GNR - não havia saúde, educação, estradas, luz, sim, luz. Salazar não foi um político honesto que morreu pobre, mas um monstro. Figura entre os maiores criminosos da história da Europa. Tem na sua mão um país de 1 milhão e meio de imigrantes forçados a abandonar o seu país, milhões amontoados nas cidades, milhares em barracas, e milhares de mortos, talvez perto de 100 mil, nas colónias, onde a PIDE, que aqui torturou e matou os resistentes, utilizava os métodos de violência de massa aprendidos com a Gestapo hitleriana - caro Manuel Luís Goucha.
No dia 25 de Abril derrotámos o país mais triste da Europa – nunca tanta gente decidiu tanto na história de Portugal como nos dias da revolução dos cravos. O dia 25 de Abril foi o primeiro dos 19 meses historicamente mais surpreendentes da história de Portugal, em que decidimos que nunca mais uma criança ia ser tirada da escola aos 9 anos, para onde ia descalça, para ir plantar batatas para alimentar a preços agrícolas baixos os também miseráveis operários que trabalhavam no Grupo CUF. Ou ser arrancada à força do colo do pai, assassinado depois, por ser um subversivo «terrorista» liderado por Amílcar Cabral.
Portugal foi, ao lado do Vietname, o país mais acompanhado pela imprensa internacional de então. Porque as imagens das pessoas dos bairros de barracas sorrindo de braços abertos ao lado de jovens militares barbudos e alegres encheu de esperança os povos de Espanha, Grécia, Brasil... E de júbilo a maioria dos que aqui viviam. Uma das características das fotos da revolução portuguesa é que nelas as pessoas estão quase sempre a sorrir. Não por acaso, Chico Buarque cantou: “Sei que estás em festa, pá.”
25 de Abril Sempre!
Raquel Varela é historiadora, autora de 12 livros sobre a História do 25 de Abril, foi comissária científica do Roteiro do 25 de Abril -comemorações oficiais do 25 de Abril, 40 anos.
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