Eu tenho uma Amiga, uma Mulher a
quem com toda a facilidade deverei apelidar de Senhora, que criou
propositadamente um BLOG para nele fazer a defesa de José Sócrates, enquanto
cidadão, Político e Primeiro Ministro deste País.
Tendo-nos encontrado no Facebook,
através de textos por mim escritos e por mim próprio e outros divulgados,
chegamos a um conhecimento real mútuo. Para a ajudar na sua Luta, enviei-lhe
alguns textos que ao longo destes tristes anos escrevi acerca do tema e, em
justa homenagem a esta enorme lutadora pelo encontro da verdade, mais este
estou a escrever. Ao correr do pensamento, como sempre faço, mas em sua
homenagem.
Há muito eu já percebi, e agora
mais ainda percebo, das razões que levam esta distinta Senhora a se dar ao
trabalho de por esta Luta pugnar quando, por via desta dúbia e incompreensível
Justiça que vemos acolitada por alguma imprensa indigna de o ser e que, ainda
por cima, faz do crime o seu “modus vivendi”, se verifica que a maior parte dos
cidadãos, mesmo aqueles que antes o adularam, do seu próprio Partido
concretamente, já formaram a sua opinião: Culpado, sem qualquer dúvida!
E o tão repetido “slogan” do “à
Justiça o que é da Justiça”, servindo o politicamente correcto como
escapatória, mais não tem feito que dar força aos inconfessáveis desígnios de
alguns agentes dessa mesma Justiça.
Ao longo destes tempos e a todos
os que, cientes da sua certeza, confrontando-me com as suas formadas convicções
me perguntavam, “mas tu ainda o defendes?”, eu respondia muito simplesmente:
Acusem-no!
Os tempos foram passando, os dias
se sucedendo, um governo desgovernando e o esquecimento, coisa deveras
inultrapassável, acontecendo. E ele, José Sócrates, passou a ser culpado por
tudo: pelos negócios da Lena, dos seus tios, dos seus primos e dos seus
cunhados e ainda dos cunhados dos seus cunhados, dos do BES e dos seus
deserdados, dos da PT e dos seus acobardados, mas muito bem resguardados e com
depósitos aferrolhados, da famosa “banca rota” e de dinheiros extraviados, de
negócios imobiliários nunca bem explicados, da OPA da Sonae à PT e dos seus
resultados, etc. etc. etc. e de tudo o que fossem negócios privados falhados…
De que mais, ela mesma se
pergunta? Da queda da bolsa, pois claro! Do imobiliário, pois claro está! Da
intervenção da Troika, também é óbvio! Do desemprego, da recessão, da fuga dos
jovens, da descapitalização da Banca, das imparidades, das humidades, das
sujidades, das maldades, das incapacidades, das obscenidades, da pobreza, da
avareza, da incerteza, da impunidade, da vaidade e da precaridade! Tudo culpa
sua!
E ela pasma: não será de mais?
E lá veio a acusação: quase
quatro mil páginas, para três ou quatro crimes, como a nossa Justiça gosta de
fazer. Se consideram um putativo crime reiterado, ele multiplica-se exaustivamente
em quesitos sem fim, tentando demonstrar pela exaustão aquilo que no fim
pretendem: a condenação! É um clássico…
Mas provas? Aí é está o “busílis”
da questão! Os ditos crimes estão sistematizados: fuga ao fisco (não pagou o
imposto de selo sobre os ditos empréstimos), corrupção nem que seja em forma
tentada e outro que já nem me lembro, mas que vocês sei que sabem e, por
isso, nem vale a pena ir procurar…
Diz-se que quando algo por mais
extenso e exaustivo que seja é de quase impossível comprovação, principalmente
quando, para o desiderato que antes enunciei, tudo se pretende misturar (Lena,
Vale do Lobo, PT, BES e ida à Lua), que a “montanha pariu um rato”! Que
fatalmente irá parir…
Mas o mal que lhe pretendiam
fazer está feito e a “vendetta” consumada. Foi longe de mais! Meteu-se com quem
não devia: com os Magistrados quando lhes cortou o subsídio de residência
quando disso não necessitavam; quando lhes cortou nas férias e pretendeu fazer
deles funcionários públicos iguais aos demais; quando reduziu os mandatos
camarários ao máximo de três, tentando assim acabar com as coutadas; quando
promulgou a Lei das Finanças Locais, tendo como objectivo o terminar com o
regabofe em que se transformaram mandatos extensos e para lá do razoável ou
quando disciplinou o Fisco e acabou com o mito da impossibilidade do cruzamento
de dados… foi de mais, foi longe de mais!
E mesmo estando tudo isso
instituído e mais que instituído, não tem perdão! E tem que ser condenado, para
exemplo e para ensino. Está feito, ok, mas não se pode repetir…!
A minha querida Amiga tem toda a
razão: a razão da decência! A do não julgamento antecipado e o da prevalência
da Justiça como ela está edificada desde o tempo dos Gregos e Romanos. A
presunção da inocência como trave mestra de qualquer decisão Judicial. O
segredo de Justiça como pilar essencial e a equidade de meios da defesa como
factor primordial. Depois, se tiver que ser condenado, pois que seja! Que seja
a imprensa a fazer Justiça tal como uma horda incontrolável…isso NÃO!
E não o seja por qualquer que for
o ângulo da ética civilizacional por que o possamos ver. Eu sei que já nos
primórdios do século passado (ver o CITIZEN KANE, o THE POST, o “GARGANTA
FUNDA” e outros mais…) a imprensa tomou um poder desmesurado, mas um poder que
se comprovou poder tender para qualquer dos lados, o da justiça ou o da
injustiça, quando começou a ser controlada pelos interesses de grupos
económicos, tanto lobistas como de pressão. E aí a coisa mudou, até chegarmos a
estes desgraçados tempos…
Claro que no meio de tudo isto há
imensos seres ignóbeis e indignos de se chamarem de gente humana, porque “gente
humana” pressupõe ser gente dirigida por princípios éticos e civilizacionais
que impulsionem a Sociedade no sentido da Justiça e da Igualdade e não o seu
contrário.
Por isso Minha Querida AMIGA,
continue! Porque eu sei que o que apenas a move é esse sentido moral e ético de
não querer ver condenada uma pessoa que, para si e para muitos mais, deu o seu
melhor pelo País e pelo seu progresso…pelo menos até prova em contrário! E que,
apesar de tudo, para gente de boa fé, continua sendo talvez o melhor Primeiro
Ministro da nossa Democracia.
Ao inverso de um outro, que tanto
mal a este mesmo País fez, ao deixar desperdiçar Fundos Comunitários sem fim e
ao ter sido patrono espiritual de um bando que formou um Banco e o saqueou, sem que ele um dedo tivesse
erguido e que nos está a custar os olhos da cara. Mas que, ao fim de mais
longos e penosos dez anos, ainda é premiado com um gabinete num convento e
sinecuras várias.
E ainda de um outro ainda que,
tendo deixado o Povo na penúria unicamente para salvar Bancos estrangeiros, vê
o seu indecoroso “trabalho” reconhecido com um cargo para o qual nunca
concorreu…
Por continuar pugnando para que
lhe seja aplicada uma Justiça digna e limpa, o meu grande BRAVO, minha querida
Amiga!
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