Rádio Freamunde

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sexta-feira, 23 de junho de 2017

PARA MEMÓRIA FUTURA ( ou a autópsia duma desgraça em directo):

Finalmente já posso ligar a minha televisão pois ja baixou a temperatura do écran. Tinha o ecran a mil e tal graus em todos canais de noticias( noticias? será?).
Desde sábado, ligava-se a televisão e julgava-se que o mundo estava todo a arder...
O espetáculo foi impiedoso.
Então minha senhora, perdeu um neto de 4 anos. O que é que sente? Acha que os pais estão tristes?
E o senhor? Está a arder. Doi-lhe muito? Acha que antes de morrer nos podia dar uma palavrinha?
Também gostei dos cenários. Aquele camião ardido ficava muito bem em fundo, se bem que, se tivesse lá dentro um bombeiro morto ficava melhor. Aquelas fardas vermelhas fazem um bom contraste com o cinzento queimado...
Ou a estrada da morte em perspectiva...que belo efeito...aquele creme acizentado...
Então o Senhor já está a arranjar a estrada? Então e vai limpar aquelas manchas de alcatrão queimado onde arderam os carros? Não podiam ficar?
Mas a entrevista que gostei mais foi a do coveiro.
Então? É o senhor que abre as covas? Tem tido muito trabalho?
Já não gostei daquele cadaver que maleducamente não respondeu a nenhuma pergunta da Judite ( a propria porque a da policia era capaz de achar que interrogar um cadáver era capaz de ser de mais...mas uma prisãozita preventiva era capaz de ir...).
Vou sentir saudades destes dias. Depois disto só um ataquezinho terrorista ou uma epidemiazita...
Pessoalmente gosto mais dos ataques terroristas. Mas com facas. Vê-se mais sangue. Com bombas, por vezes os cadáveres são projetados para os telhados e eu não quero que alguma reporter escorregue nos seus saltos altos e se aleije...era desagradável ver uma coisa dessas em directo...

Os meus mais profundos sentimentos a quem foi vitima desta desgraça e ainda teve de aturar o esgoto informativo da nossa televisão.

Autor

Nafrandini Pereira 

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