Era uma vez um país que partiu à
descoberta do mundo, se cobriu de ouro e de glória, mas rapidamente desbaratou
todo o seu património.
Foi invadido por uns vizinhos manhosos
que durante 60 anos o trataram como uma província menor.
Um dia, alguns homens desse país
decidiram por fim à humilhação e expulsar os invasores. Outros,
colaboracionistas, escondiam-se em armários.
Três séculos e meio depois, esse país
foi admitido na corte dos ricos, mas sempre olhado como o parente pobre que
todos os nobres da Europa olhavam com desdém.
O país aceitou voltar a perder a sua
independência, em troca do dinheiro que diariamente lhe enviavam da capital da
Europa e com o qual se embelezava e modernizava, ao mesmo tempo que destruía a
sua riqueza produtiva.
Os povos de outros países começaram a
olhar para esse país com lascívia e, todos os dias, aterravam nos seus
aeroportos milhares de pessoas que queriam apreciar a sua beleza de perto.
Tudo parecia correr bem até ao dia em
que uns amigos do PR desse país fizeram um grande desfalque num banco e o povo
foi obrigado a pagar a dívida. Como já se tinha endividado para
comprar automóveis, telemóveis muitos outros bens de consumo supérfluos e para
gozar férias nas Caraíbas, o povo desse país já não tinha dinheiro e, de baraço
ao pescoço, entregou-se aos agiotas.
A partir daí, o orgulho
nacional foi posto em causa pela Corte dos ricos que decidiram
partilhar entre si o espólio sobrante.
Primeiro obrigaram o povo a passar
fome e a pagar juros exorbitantes para ter acesso à comida.
O povo aguentou estoicamente, sem um
protesto.
Depois ameaçaram castigá-lo porque,
alegadamente, estava a viver acima das suas possibilidades.
O povo ficou indiferente.
Finalmente obrigaram-no a vender todos
os seus haveres, para que o povo ficasse eternamente dependente da vontade dos
nobres.
Com a anuência de uns quantos
traidores, descendentes dos que entregaram o país a Espanha em 1580, todos
os recursos do país foram vendidos aos agiotas, que continuaram a cobrar juros
cada vez mais altos.
Até que um dia, esses traidores foram corridos por uma parte
do povo que se revoltou. Mas o país continuou dependente dos agiotas que,
irados com a expulsão dos seus amigos que governavam o protetorado em seu nome,
ameaçaram com sanções os libertadores do povo.
Foi então que um grupo de 23
portugueses, comandados pelo general Santos, decidiram vingar a humilhação do
país. Como muitos outros de outras gerações, rumaram a França para participar
num torneio entre países europeus, onde o país vencedor costuma
conseguir lavar a sua honra
As primeiras intervenções correram mal e
os seus concidadãos mostraram insatisfação e descrença. Lentamente,
porém, as coisas foram melhorando e os adversários começaram a olhar para este
país com algum medo e desconfiança. Na tentativa de desmoralizar o
pequeno exército, chamaram-lhe nojento.
A esse insulto o povo reagiu mal e pediu
aos soldados que mostrassem à Europa que era possível ser o melhor de todos.
No último encontro do torneio, o
exército desse país ia defrontar o exército anfitrião e, mais uma vez, as
coisas começaram a correr mal. Aquele por muitos considerado o melhor
soldado do mundo lesionou-se à primeira investida do inimigo e o
ânimo do povo esmoreceu. Os rapazes, porém, estavam dispostos a vingar a
honra do país humilhado. Foram aguentando as investidas do inimigo como puderam
e, a determinada altura, quando as forças pareciam quase exauridas e prestes a
ser golpeados pelo inimigo, o comandante Santos decidiu lançar para o campo de
batalha aquele que muitos consideravam o pior soldado do nosso exército.
Os apupos não tardaram a ouvir-se mas, num golpe de génio, o pior soldado do
mundo desferiu o golpe fatal no inimigo, obrigando-o a destroçar em debandada.
Foi então que o povo transformou o pior
soldado do mundo em herói nacional.
Faz hoje exactamente um mês.
Isto podia ser uma telenovela de
terceira categoria, mas é apenas um post parolo que serve para mostrar
como o povo é volúvel e reage com mais firmeza quando ferem o
seu orgulho desportivo, do que a sua identidade nacional, ou o escravizam em
nome de uma entidade que ninguém conhece a que chamam mercado.
Juntos e despertos seríamos mais fortes... mas optámos por ser fracos e subservientes.
Juntos e despertos seríamos mais fortes... mas optámos por ser fracos e subservientes.
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