Há dias num concurso na televisão foi perguntado onde nasce o rio
Douro. A resposta foi em Portugal. A pessoa a quem foi perguntado devia ter
mais de cinquenta anos. Por isso fiquei perplexo por não saber pois num livro
da terceira ou quarta classe vinha a lenda dos “Três Rios”. Por isso e, pelas
condições climatéricas que tem assolado o país, fez com que levasse à memória
dos da minha idade e aos mais novos a bela lenda do Douro, Tejo e Guadiana.
O facebook não serve só para mexericos. Também serve para umas aulas de
português.
“Diz a lenda que três ribeirinhos alegres e saltitantes queriam ver o
mar e um dia resolveram meter-se a caminho.
- Partimos logo de manhã muito cedo - disse um deles.
- Partimos antes do nascer do Sol - disse o outro.
- E vamos ver qual de nós chega primeiro ao mar - disse o último.
O luar brilhava nas águas adormecidas dos três ribeirinhos.
No outro dia, o primeiro a acordar bocejou, agitou as águas e pensou:
- Partirei já e assim serem o primeiro a chegar!
O ribeirinho que sempre ouvira chamarem-lhe Tajo deixou-se escorregar
pela montanha. Como era um ribeirinho muito alegre saudava os povoados e as
gentes; a todos dizia adeus e informava:
- Vou a caminho do mar; tudo é muito lindo, mas eu quero ver o mar.
Adeus, adeus.
Brincava com as raparigas que lavavam a roupa nas suas águas claras,
escolhia os caminhos mais belos entre pinheiros, oliveiras e pomares. Aos
ribeirinhos que encontrava dizia sempre:
- Vou para o mar! Venham comigo! Vamos para o mar!
E muitos abraçavam aquele ribeirinho aventureiro. Cada vez mais forte,
o Tajo seguia feliz e encantado com as terras que banhava.
Um dia, uma menina que brincava com as ondas pequeninas chamou-lhe Tejo
e ele gostou do novo nome.
- Tejo serei para quem me veja.
E para os pescadores, ele ficou a ser o Tejo que lhes dava o sustento
de cada dia. Para os lavradores, ele é o Tejo que lhes rega as terras.
Calmo e divertido, o Tejo chegou ao mar entrou nele de braços abertos.
Ali estava, azul e refrescante, o mar que procura por tão longo caminho.
Entretanto, tinha acordado outro ribeirinho, aquele que se habituara a
que lhe chamassem Ana e sabia que outros que davam o nome de Uadi-Ana, ou seja,
Rio Ana.
Ainda ensonado, não sabia bem qual o melhor caminho para chegar ao mar.
Ora corria para um lado, ora mudava para outro. mas sabia que o desejo mar se
encontrava para sul.
E lá seguia, entre terras baixas e secas; mais tarde entre rochedos
queimados pelo sol.
Apercebeu-se então de que o povo o chamava por um novo nome. Agora,
para todos, ele era o Guadiana.
Fez amizade com o Caia e Degebe, uns ribeirinhos tímidos que também
queriam ver o mar e se juntaram a este novo amigo.
Um dia, assim em boa união, encontraram o mar, um mar bem azul e águas
tépidas e límpidas. O bom do rio Guadiana mergulhou no Oceano Atlântico feliz
como uma criança que brinca na areia.
Mas não era ele o primeiro a encontrar o Oceano pois o Tejo, que saíra
mais cedo, mais cedo encontrara o mar.
Enfriorado e dorminhoco, o terceiro ribeirinho só acordou quando o sol
já tinha acordado há muito tempo.
- Estou atrasado! Já é muito tarde! - pensava o ribeirinho ensonado.
Lembra-se de que lhe tinham chamado Durius, mas agora as gentes que o
olhavam e lhe chamavam Duero. Corria por terras baixas e secas onde se demorava
a observar os campos cultivados.
Mas não deixa de pensar
- Vou ser o último! É preciso correr!
E partiu de abalada esgueirando-se por corredores pedregosos saltando
rochedos, correndo apressado, cada vez mais apressado.
Nas suas margens subiam encostas cobertas de vinhedos com folhas verdes
na Primavera e folhas douradas no Outono, escondendo pesados cachos de uvas
maduras.
- Quero chegar ao mar, mas vou ser o último, já sei, vou ser o último! –
Por isso, o Douro que também é Duero e já foi Durius, acabou por seguir o caminho mais agitado.”
Por isso, o Douro que também é Duero e já foi Durius, acabou por seguir o caminho mais agitado.”
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