Comentei aqui, neste blogue, no dia da manifestação das Forças de Segurança que o que se passou foi
um negócio de família. Porque atitude idêntica, com outras personagens, o seu
final tinha sido diferente. E como o título sugere bastaram oito dias para
termos a confirmação. E, assim sucedeu. Com isto não quero dizer que não
compreendo uma e outra parte.
As cenas que as televisões mostraram em Cabo Ruivo, sobre a greve dos
CTT, por parte da PSP, não dignificam esta força de segurança. Sabe-se e tem-se
dito que a CGTP, na pessoa de Arménio Carlos, tem sido de uma coragem e
coerência para além dos limites. Não é por acaso que tem sido elogiado por
todos os quadrantes, forças políticas e laborais, como um homem de paz. Todas
as manifestações levadas a efeito pela CGTP e com a presença de Arménio Carlos
têm sido cordatas. Por isso não havia razões para a PSP tomar tal atitude.
Entendo que a PSP devia fazer um melhor serviço público. Não é por dá
aquela palha que se deve exibir com cassetetes e empurrões, a pessoas que se
dispõem ao frio e por vezes à chuva, a lutar pelos seus direitos.
Não foi o que fizeram as Forças de Segurança no passado dia vinte e um
do corrente mês? Só que havia uma diferença entre o dia vinte e um e de vinte e
oito. E… não me estou a referir à passagem de oito dias entre uma data e outra.
Estou-me a referir que os manifestantes (Piquetes de Greve) tinham como arma a
força da sua voz. Ao contrário as Forças de Segurança, com justas
reivindicações, diga-se em abono da verdade, tinham na sua posse a arma de serviço. Era o que relatava a comunicação
social.
Portanto não vejo motivo para a atitude de ontem tomada por parte da
PSP. Mais a mais o que fizeram a dois deputados da Nação. Isolaram-nos na berma
da estrada juntamente com os outros manifestantes. Só mais tarde é que lhes
deram livre circulação. Após isso a Polícia de Choque deu por terminada a sua
actuação. Coisa que nem devia ter começado.
Mas como foram avisados pelo Ministro da Administração Interna que
casos iguais não deviam acontecer lá fizeram a sua aparição. De qualquer maneira
também é a forma de agradecimento pela promoção recebida há oito dias. Assim
cumpriu-se a profecia: não há almoços grátis.
Toda a Polícia está a ser recrutada para defender Ministérios e
Organismos Públicos pondo a nu a segurança dos cidadãos que cada vez mais tem
medo de sair à rua.
Termino a apelar para que haja bom senso de parte a parte, mais da PSP,
porque estão a ser usados como peões de brega.
Depois os versos de Bertolt
Brecht cada vez estão mais actuais:
Primeiro levaram os negros
mas não me importei com isso, eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso, eu também não era operário
depois prenderam os miseráveis
mas não me importei com isso, eu não sou miserável
depois agarraram uns desempregados
mas como tenho meu emprego, também não me importei
Agora levam-me a mim
mas já é tarde
como não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

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