Contam os nossos avós que um certo agricultor, passando a fronteira de
Espanha, se terá queixado ao seu amigo espanhol de que as colheitas iam de mal
a pior e que já nem davam para alimentar os animais de carga. Este de imediato propôs-lhe
um negócio: Vender-lhe uma raça de burro que, com o tempo, habituar-se-ia a não
comer, contribuindo para a diminuição das despesas. Tal dito. Tal compra.
Regressado a Portugal, depressa começou com o plano de emagrecimento,
que começava por alimentar o animal, dia sim, dia não, até que chegasse ao
ponto de o animal não comer.
Algumas semanas depois, mostrava
todo orgulhoso o burro aos seus vizinhos dizendo: vejam só, a última vez que
comeu foi há quatro dias. Mais umas semanas e posso garantir-vos que se habitua
e deixa de precisar de comer. Os dias passaram e a dieta intensificava-se e o
agricultor passeava. De repente, a aldeia deixou de ver o agricultor e o burro.
Estranhando ausência prolongada, um vizinho bateu à porta do agricultor
e perguntou "Está tudo bem consigo, vizinho? E o burro, está tudo bem com
ele?". O agricultor, em lágrimas, responde-lhe "Ai vizinho, que
desgraça, não quer você acreditar que o raio do burro morreu? Logo agora que já
se tinha habituado a não comer".
Aproveito esta estória para a comparar à entrevista que César das Neves
concedeu à TSF em que disse que o aumentar o ordenado mínimo levaria a que os
empregadores não pudessem contratar outros empregados que estivessem ou no
desemprego ou à procura de emprego. O aumento de cinco cêntimos diários
arrasaria as finanças portuguesas e do patronato. Seria um suicídio porque
subir o salário mínimo é estragar a vida aos pobres.
Este “economista” e, ser economista, advém outros predicados tais como a
parte social e humana, para compreender que a economia de qualquer país só
floresce quando a sua população tem poder de compra. Se assim não for nada lhe
resiste porque as exportações não garantem a subsistência de qualquer país caso
não seja produtor de ouro amarelo ou negro.
Nada custa dar conselhos. Aliás,
se os conselhos tivessem alguma utilidade quem os dá passaria a cobrar um preço
por eles como fazem os médicos e advogados pela consulta. Como não é assim
estes Césares das Neves tudo faz para agradar aos donos do dinheiro para
continuarem a ser recrutados para novas entrevistas.
Se há classe que beneficia com a crise uma dela é a dos economistas.
Estão em todo o lado e rastejam por todo o lado. Digo, rastejam, porque o que
proferem não é digno de um ser humano quer seja cristão ou agnóstico.
Numa altura em que o Supremo da Igreja Católica dá exemplos de como
deve ser o ser humano estas individualidades de bater com as mãos no peito e
papar hóstias pregam o seu contrário.
Nem Zaqueu com a sua humilde atitude ilumina o cérebro desta triste raça que pavoneia pela comunicação social seja escrita, vista ou falada. E, por quanto tempo os temos de suportar.
Nem Zaqueu com a sua humilde atitude ilumina o cérebro desta triste raça que pavoneia pela comunicação social seja escrita, vista ou falada. E, por quanto tempo os temos de suportar.

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