"O presidente da Câmara do Porto revelou hoje não poder apoiar nem votar
no candidato social-democrata à autarquia portuense, Luís Filipe Menezes, e
criticou o partido pela escolha "que vai destruir tudo o que foi
feito" na cidade.
"Se apoiasse Luís Filipe Menezes era hipócrita. Se não dissesse
nada era oportunista. Todos os dias faz promessas e promessas e promessas
(...). Tenho a obrigação ética de me demarcar muito claramente do candidato que
vai destruir tudo o que foi feito. Isto descredibiliza os partidos",
lamentou o autarca social-democrata, em entrevista hoje à noite à RTP1.
Afirmando-se "desgostoso", Rui Rio reprovou o PSD por estar
"a infligir pesadas medidas aos portugueses, dizendo que a culpa é de quem
endividou o país" e, ao mesmo tempo, escolhe "para o Porto Luís
Filipe Menezes, que em Gaia fez pior do que os antecessores socialistas que [o
Governo] critica".
"Tenho a obrigação de demarcar do meu partido. Não é politicamente
honesto porque o partido que durante 12 anos disse uma coisa [aos eleitores do
Porto], agora diz algo completamente diferente", afirmou.
Rio admitiu poder vir a ser "sancionado" pelo PSD pela
posição assumida na entrevista, mas recusou "ser hipócrita" e alertou
que quem suceder a Menezes na Câmara de Gaia "vai ter um problema
gigantesco".
A gestão de Rui Rio em três mandatos na Câmara do Porto ficou marcada
pelo rigor nas contas e a Menezes tem sido imputada a criação de dívidas na
Câmara de Gaia, que gere há quatro mandatos.
"É possível austeridade e rigor e ao mesmo tempo crescimento. Foi
assim que fiz a obra que está feita e dar à cidade o dinamismo que ela hoje
tem", notou Rui Rio.
"O candidato do meu partido ter-me-á feito maior oposição do que o
PS nestes últimos 12 anos", acrescentou.
Rio diz que gostava que o seu sucessor fosse "o que mais se
aproximasse" do que fez na gestão da autarquia, mas frisou não sentir
"a obrigação de dar uma indicação de voto claro".
"O candidato do meu partido é precisamente aquele em que não posso
votar", insistiu.
Para Rui Rio, a possibilidade de apoiar outro candidato apenas poderá
surgir "se acontecer algo de extraordinário".
Questionado sobre se o independente Rui Moreira será o que tem projetos
mais próximos dos seus, Rio remeteu para os eleitores do Porto "as
leituras que entenderem".
Admitiu, contudo, que alguns dos "impulsionadores de Rui
Moreira" são personalidades "de topo da cidade" e que muitos
apoiaram a carta aberta dirigida ao Governo pela Câmara do Porto contra a
gestão do processo da Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo.
Nas marcas que deixa ao Porto, Rio destacou "a coesão social, com
o investimento de mais de 170 milhões de euros nos bairros", a
reabilitação das escolas, a melhoria na mobilidade, nomeadamente devido "à
abertura de mais de cem novas ruas", a vitalidade no turismo e o projeto
de reabilitação urbana "boicotado pelo Governo".
Quanto aos confrontos que manteve com a comunicação social e
instituições do Porto, vincou que o objetivo foi apenas um.
"Posso abrir uma guerra, ou duas ou três, mas o interesse privado só passa se for conciliável com o interesse público", concluiu."
"Posso abrir uma guerra, ou duas ou três, mas o interesse privado só passa se for conciliável com o interesse público", concluiu."
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