Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Freamunde:


Em tempos idos era a freguesia com mais valor do concelho de Paços de Ferreira. Tínhamos prazer e vaidade com o tratamento que as populações das outras freguesias nos dispensavam.
Freamunde era frequentado diariamente quer fosse para fazer compras na drogaria Brito, nas lojas de fazendas e miudezas do Zé Nogueira, Leonel Oliveira, Regos e Artur Oliveira;
As mercearias do Mota, Neca Pacheco, Cabral, Jaime Brito, Estininha Vendeira, Augusto Cardoso, Venturinha e outras mais.
As torrefacções de café de Cabral e Zé Lopes.
As fábricas de mobiliário e material didáctico de Albino de Matos Pereira & Barros (AMBAR), Pereira da Costa (Calvário) e as várias oficinas como a do Zé Leal, Moreira (da Boavista), Claudino (Manaco). A fábrica de pregos de António Teles de Menezes; as serralharias dos “ferreiros” Valentim Pedra e Baião, onde os pedreiros iam afiar os “picos”. Várias tamancarias, Toninho Nogueira, Adriano Antero, Adolfo Costa, as irmãs Costa, Claudino Costa, Carlos Costa, Saúl “Pantaleão”, Quim das “Ferreiras” Arnaldo Alves, Zé Alves, Armando “Tamanqueiro”, Ernesto e Arnaldo Taipa este com uma oficina de confecção de sapatos.
As fábricas de tecelagem e fiação de Abílio Freire, Chamusca, José Maria Taipa, Moura e Luís Teles de Meneses na laboração de ligaduras e pensos hospitalares.
Aos domingos, nessa altura o sábado era dia de trabalho, não faltavam pessoas a assistir aos jogos de futebol do Sport Clube de Freamunde, quer fosse na categoria de seniores ou juniores.
O café Teles e Popular, sempre abarrotados de clientes, onde se discutia os problemas do dia-a-dia, incluindo os desportivos, «futebol e ciclismo» actividades muito apreciadas cá no burgo, não fosse Ribeiro da Silva um frequentador assíduo de Freamunde.
Passados uns anos inauguram-se o café Malheiro, Ferreira, Mota, Pinto e Quim, na Gandarela.
Também as tascas do Augusto Cardoso, Estininha (Vendeira), Ilídio Carneiro, Ernesto Taipa, Américo (Caixa), António (da Praça), Santa Marta, Toninho Carvalho, Sejuca, Manuel (da Balbina) e Elviras eram bastante concorridas, quer por freamundenses ou forasteiros. Havia um pouco de tudo no comércio e indústria de Freamunde.
À saída do trabalho quer fosse da fábrica Albino de Matos Pereira & Barros, quer da Pereira da Costa, era um mar de empregados. Pareciam bichas do pinheiro.
Parece que os Freamundenses, desse tempo, ainda tem nos ouvidos o barulho das «chulipas», peça de calçado, muito usada por pessoas de menos posses. Ao meio dia apressados para irem almoçar por que só era uma hora para o almoço.
No lugar da Feira, na praça do mercado e arredores, não faltavam empregados a almoçar. Esses almoços eram trazidos pelos seus familiares, esposa, mãe ou filhos, para atenuar a distância quer de uns quer de outros. Os tempos eram de miséria mas dava gosto ver esses acontecimentos.
Eram de várias localidades vizinhas os empregados: Figueiras, S. João de Covas, Sousela, Sampaio de Casais, do concelho de Lousada, Figueiró, S. Pedro da Raimonda, Lamoso, Codessos, Carvalhosa, Eiriz, Sanfins de Ferreira, Ferreira e de Paços de Ferreira, sendo a maioria de Freamunde como seria natural.
Freamunde era um exemplo. Quer na parte laboral quer na recreativa. Feiras e festas eram muito concorridas e ainda temos uma que é o nosso ex-libris que é as Sebastianas.
No futebol deram-se grandes passos quer no sénior quer no júnior.
Na cultura também assim aconteceu com a criação da Associação Cultural e Recreativa Pedaços de Nós. Quer na música quer no teatro.
Tínhamos e temos o Grupo Teatral Freamundense que já tinha elevado o nome de Freamunde pelo País inteiro.
Neste aspecto Freamunde evoluiu bastante. No outro descrito acima a maioria definhou e a outra está a definhar.
No que toca ao embelezamento e asseio Freamunde está cada vez pior. O centro está pela hora da morte. Não há nada que cative os desempregados e reformados a permanecer ali. Sempre o mesmo e sempre as mesmas caras.
Alagaram-se as lojinhas, prometeram-se obras a curto prazo. Mas nada disso aconteceu. Sei que se desculpam no descalabro da última governação. Mas se assim fosse as freguesias do concelho também passavam pelo mesmo e isso não acontece. Todas elas têm melhorado em relação a Freamunde, basta ver Seroa, o que era e o que é hoje.
Em Paços de Ferreira depois do despoletar da crise ainda se fez o parque de lazer. Freamunde anda há anos à espera da conclusão do seu. Há uns que nascem lebres, outros sapos conchas.
Palavra de honra que dá pena ver Freamunde. Com isto não quero dizer que tenho vergonha de Freamunde. Tenho é vergonha da maneira que o estamos a transformar. Somos um povo apático e adormecido.

Sem comentários:

Enviar um comentário