Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Páscoa:

Estamos na semana de Páscoa. Antigamente, há uns cinquenta e tal anos, nesta semana estávamos de férias escolares como hoje acontece. Os miúdos de mais fracos recursos - o meu caso - aproveitávamos esta semana para irmos ao monte do Senhor do Amparo em S. João de Covas apanhar Espadanas. A Espadana é uma flor – parece uma fita – de cor verde que nasce ou nascia com abundância naquele monte.

Levávamos uns sacos de serapilheira para a acarretar com o intuito de a vender a lares para depois estes a estender no chão no dia de Páscoa. Naquele tempo em Freamunde não havia os apartamentos tipo horizontal era a base de casas individuais. Assim davam a entender que aquela casa aceitava a ida do Compasso – Cruz de Cristo, Padre e seus acompanhantes – para beijar a respectiva Cruz. Como acontece hoje aqui em Freamunde.
Esses sacos com Espadanas eram vendidos a cinco ou dez tostões cada um. Com esse dinheiro, nós miúdos, podíamos comprar alguma guloseima ou cromos de futebol como era usual nessa altura. Também havia mulheres que ali se deslocavam para colherem o maior número de sacos com a finalidade de os venderem para angariarem uns tostões. Naquele tempo a vida era difícil.
Também nesta semana ansiávamos o folar que os nossos padrinhos nos ofertavam. No meu caso era uma rosca de trigo que a mãe do meu padrinho me dava. O meu padrinho era bastante novo quando me baptizei por isso a dificuldade em me dar um folar melhor. Mesmo assim ficava todo contente, não era todos os dias que se comia pão de trigo.
No dia de Páscoa, depois de termos beijado a Cruz, seguíamos atrás do compasso com a intenção de nalguma casa mais abastada atirar amêndoas ao ar para nós as apanhar. Quando isso acontecia era ver os garotos que mais podiam apanhar. Tempos de miséria mas, vale a pena recordar.
Aproveito para desejar aos aqui vem, uma Santa Páscoa, cheia de amêndoas.

Sem comentários:

Enviar um comentário