Relembrando o passado:

Freamunde era rainha na confecção de móveis escolares e de quarto e salas, ou seja, dos que usamos nas nossas casas. Além das fábricas de serralharia, fiação e tecelagem, estas nas confecções de ligaduras para os hospitais e seus derivados. Ainda recordo, um dia, em que estava a desempenhar serviço na ilha da Madeira e qual não foi a minha estupefacção e alegria ao ver na enfermaria do E.P.R. Funchal, umas ligaduras que diziam: Luteme, Freamunde,  Portugal, fábrica de pensos e ligaduras para hospitais!

Hoje tanto as fábricas de móveis com as de ligaduras estão encerradas. Dá pena ver como Freamunde era nesse tempo e o que é agora. A saída dos operários, tanto na hora do almoço como após o dia de trabalho. Parece que ainda ouço o bater das chulipas. Pareciam castanholas. Os trabalhadores com a azáfama dirigindo-se ou para almoçar ou para casa.

As funcionárias das Fábricas, de Luís Teles Meneses, do Moura ou do Chamusca que, quando passavam à feira, nós lhes dávamos uns piropos. O canudo da Fábrica Grande ou a sirene da do Calvário. Quase todos os Freamundenses se regulavam por estes toques para saberem que eram sete horas da manhã - o canudo da Fábrica Grande para despertar os seus trabalhadores tinha vários toques - às sete horas, sete e cinquenta e cinco e oito horas, às doze, doze e cinquenta e cinco e treze, depois às dezassete horas a dar como findo o dia de trabalho. Quantas vezes as pessoas pelo toque sabiam se vinha chuva ou sol. Nesse tempo não havia o Boletim Meteorológico e os relógios na relojoaria do senhor Graça não eram para todas as bolsas.

Apareceu-me por casualidade, às mãos, umas folhas de um jornal, não sei o nome e nem a data, a fazer referência à Fábrica do Calvário e ao seu empreendedor. Não resisti e dele faço notícia aqui no meu blogue. Outros tempos e outra forma de encarar a vida. Sei que hoje não falta quem ambicione por um emprego como o desse tempo. Mas a vida e a tecnologia deu cabo da maioria do trabalho.