Rádio Freamunde

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Natal 2010:



Elaborado pelos Escuteiros de Freamunde. Reciclaram embalagens de iogurtes, garrafas de água mineral e outras mais. É um concurso em todas as freguesias do concelho de autoria da Câmara Municipal. Em Freamunde os Escuteiros foram convidados para a sua elaboração. Faz-me lembrar tempos idos em que não havia a tecnologia de hoje e remediávamos-nos com coisas simples. Acho - o bem concebido.

Presépio na rotunda do Cruzeiro
 
Hoje com 61 anos vejo e comparo o Natal de agora e o de há 57 anos. Com quatro anos de idade a nossa memória já guarda parte das nossas recordações. Há quem compare esses tempos e diga que tem saudades deles. Se passassem por essas necessidades como passei talvez não o desejassem.
Nesse tempo não podíamos aspirar a grandes coisas porque o País não estava preparado para isso. Faltava de tudo: bens alimentícios, lanifícios, calçado, bijutarias, quinquilharias, guloseimas, um sem fim de coisas. Mas, o banco de Portugal estava cheio de ouro. Contentávamos com pouca coisa, não éramos reivindicativos. Parece que compreendíamos o nosso atraso em relação à maioria dos países.

Hoje existe mais solidariedade. É ver as nossas crianças que frequentam os infantários, quando se aproxima o Natal, são agraciadas com presentes que no meu tempo de criança faziam revolucionar o País. Não se produzia assim quinquilharia. O que nos reservava era uma bola de borracha – o que a recebia era considerado um felizardo, uma boneca em pano, a imitar a Barbie. Hoje uma mulher, que há 57 anos era criança, se recebesse uma Barbie julgo que nesse momento desmaiava e nas aldeias era logo feito uma prece porque o fim do mundo estava a chegar. Acontecia como mais tarde com a chegada do homem à lua, eram preces e mais preces, novenas, reza de terços, enfim.

Aguardava o Natal com ansiedade. As poucas prendas que recebia eram insignificantes mas tinham um valor incalculável para mim. Hoje compreendo que para os meus pais tinham algum custo e dificuldade em as dar. Compreendo também o sofrimento por não poderem dar prendas melhores. Sabiam que não éramos parvos. Quando víssemos as prendas dos nossos colegas com mais posses íamo-nos sentir revoltados por sermos desiguais. E compreendiam a nossa revolta com o menino Jesus – nesse tempo não existia Pai Natal – mesmo assim éramos bem comportados. As prendas eram inferiores mas a alegria em as receber era igual.
Na véspera de Natal a minha casa era visitada pelo Sr. José Maria (da Gravinda) padrinho de uma minha irmã, era solteirão, aproveitava para ir visitar a afilhada e levava-nos pinhões para jogarmos ao Rapa, Tira, Deixa e Põe. À luz do candeeiro a petróleo passávamos uma noite maravilhosa. Faltava-nos muita coisa incluindo a luz eléctrica mas parece que dávamos mais valor à véspera de Natal.
Hoje derivado à abundância as crianças não dão tanto valor. Noto isso pelos meus netos. Logo que termina a ceia de Natal já estão aflitos para receberem as prendas. Não esperam pela chegada da manhã para irem ao sapatinho verem a contemplação. Por um lado é bom porque não se está a mentir mas, por outro tira-se toda a ilusão. Queremos fazer das nossas crianças adultos mais cedo. 
A todos que me lêem desejo-lhes um feliz e bom Natal. Às crianças de todo o Mundo, aos amigos e inimigos, ex-companheiros de trabalho, quem esteve sobre as minhas ordens, aos meus superiores, aos que prejudiquei, aos que me prejudicaram, a todos que neste momento passam dificuldades derivado à crise, a todos os que na véspera e no dia de Natal se encontram de serviço, aos que por outros motivos não podem passar estes dias junto dos familiares e por fim a todos os que estão recluídos nas cadeias Portuguesas.      
A todos um santo Natal.
“Natal”

Já nasceu o Deus menino
Que do mundo é salvador,
Traz-nos justiça e carinho
P´ra dividir com amor

Às nossas pobres crianças
Não lhe vamos mentir mais,
Os brinquedos são poupanças
Dos salários de seus pais

P´rós filhos da gente rica
Há sempre o melhor brinquedo,
Nos braços dos pobres fica
Esse possível segredo

A família, é o Natal
Se no lar houver amor,
Não há brinquedo mais real
Nem que tenha mais valor.

Versos autoria: Rodela

4 comentários:

  1. "aos que prejudiquei, aos que me prejudicaram"

    Esse é o espírito. Feliz Natal para si, e para os seus.

    :)

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  2. Manuel, Feliz Natal, que os teus bons desejos sejam realidade, e o mundo será mais belo.
    reis

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  3. Vega9000:
    O mesmo desejo para si e seus familiares e que o Natal seja imbuído desse sentimento.

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  4. Reis:
    Que o Natal também lhe proporcione tudo do melhor. Que o dia seis de Janeiro lhe dê o que deseja.

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