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domingo, 7 de dezembro de 2025

Dominguice:

Quando até o Manuel Carvalho dá palco a perigosos socráticos como Paulo Mota Pinto, podemos ter a certeza de que algo está a mudar no que tem sido um reinado de impunidade e crime por obra e desgraça de magistrados do Ministério Público. Mas toda esta gente continua do lado do problema, mesmo os que estão do lado da solução, por falta de coragem. Se tivessem nas hostes quem praticasse a parrésia, então já se teria dito o óbvio: Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto Presidente da República, é o principal cúmplice (ou coisa pior) no golpe de Estado que levou ao derrube de um Governo com maioria absoluta — e ainda, o que prova a intenção, ao impedimento de o partido maioritário poder indicar um substituto de António Costa sem dissolução da Assembleia da República. Esse substituto poderia ter sido Centeno, mas, fosse quem fosse, a governação nos dois anos de mandato socialista que restavam teria sido de distribuição de riqueza, apaziguando alguns conflitos sociais à data ainda na fase de negociação. Os resultados eleitorais no fim desse ciclo teriam sido completamente diferentes daqueles que levaram Montenegro para o poder e deram a proto-fachos e arruaceiros o segundo lugar no Parlamento. Marcelo, supostamente um dos portugueses com mais conhecimentos no campo da jurisprudência, uma vida inteira na política ao mais alto nível relacional, quis a queda de Costa após ter reunido com a procuradora-geral da República; num processo que é mais um escândalo histórico de abuso de poder e violação do Estado de direito democrático por exclusiva responsabilidade de quem jurou defender a Constituição.

O sistema partidário, a comunicação social, a sociedade, o bom povo têm sido aliados dos criminosos do Ministério Público e dos tribunais quando o alvo foi e é Sócrates. Agora, reclamam contra os seus outrora heróis. A dissonância cognitiva que grassa neste país é visível a olho nu da galáxia de Andrómeda.

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Do blogue Aspirina B

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