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terça-feira, 1 de abril de 2025

A retirada de Trump, a guerra da Europa:

(A l e x a n d r e D u g i n, in ArktosJournal, 31/03/2025, Trad. Estátua)

Alexander Dugin afirma que Trump, ciente de que a guerra na Ucrânia foi iniciada pelas elites globalistas dentro dos Estados Unidos e incapaz de resolver o conflito nos seus próprios termos, está gradualmente a retirar o envolvimento dos EUA e a entregar as rédeas à União Europeia, enquanto a Rússia se empenha na vitória total.

Relatos de que Trump estaria supostamente zangado com Putin surgiram ao mesmo tempo que outras declarações completamente diferentes do presidente dos EUA. Foi, assim, também divulgado um vídeo no qual Trump, num tom bastante agressivo, promete pessoalmente negociar com Zelensky — ameaçando-o caso ele desista do acordo sobre os metais das terras raras e outros minerais valiosos, que, de acordo com Trump, devem ficar sob controle americano. Não como pagamento por futuros envios de ajuda militar dos EUA, mas por envios já realizados.

Enquanto isso, a alegação de que Trump supostamente disse que estava muito bravo com Putin por este criticar Zelensky e que estava pronto para dobrar as sanções punitivas ao comércio de petróleo russo não foi feita pelo próprio Trump. Foi transmitida por um pivot da NBC — dificilmente um trumpista, mas um representante da grande mídia liberal. O pivot alegou que Trump tinha acabado de ligar para ele e lhe disse que estava muito bravo com Putin, devido às críticas deste a Zelensky.

Pode dizer-se que há alguma inconsistência aqui. Com quem é que, afinal, Trump está realmente furioso — com Zelensky ou com Putin? No primeiro caso, estamos perante as suas palavras em direto mas, no segundo, apenas perante uma recontagem indireta de um apresentador de notícias. Consequentemente, uma vez que a crítica a Putin não foi feita diretamente, pode alegar-se de qualquer forma, que Trump foi mal compreendido — ou que ele nunca disse nada disso.

Muito mais importante é perguntar: o que está realmente por detrás das vacilações de Trump? O facto é que, nos últimos dias, ficou definitivamente claro que o plano de paz de Trump falhou completamente. Ele havia prometido levar Putin e Zelensky à mesa das negociações e resolver o conflito rapidamente. Mas tanto os esforços iniciais de Trump quanto a sua segunda tentativa de “lidar com a situação” na Ucrânia mostraram-se completamente irrealistas. Na verdade, Trump simplesmente falhou por não entender a essência do conflito e ainda não entende completamente quem está lutando, porquê e pelo quê.

Ao mesmo tempo, Trump certamente está bem ciente de que essa guerra foi iniciada pelos seus próprios opositores ideológicos dentro dos Estados Unidos. Ele também entende que a guerra deve ser encerrada — não tem utilidade para ele e não se coaduna com os objetivos de sua agenda MAGA (Make America Great Again). Mas simplesmente ele não sabe o que fazer a seguir, e assim as suas primeiras tentativas de resolver o conflito estavam completamente em dessintonia com a realidade.

Essas tentativas só poderiam ter tido sucesso à custa do suicídio político de ambos os regimes — o nosso, da Rússia, e o da Ucrânia — ou pelo menos um deles. Até agora, Trump não está pronto para sacrificar a Ucrânia como tal. Mas não aceitaremos nada menos que isso. Claro que, se Trump concordar com o cumprimento dos nossos objetivos na Operação Militar Especial (SMO), ficaremos muito satisfeitos. Mas essa será a nossa vitória, não uma “generosa concessão de um mestre magnânimo“. Portanto, a razão para a raiva e frustração de Trump é óbvia: ele simplesmente não sabe como resolver este conflito.

Enquanto isso, Zelensky já estava preparado para recuar e aceitar quaisquer condições americanas — contanto que a ajuda militar continuasse. Mas, mais uma vez, a Grã-Bretanha, a União Europeia e os globalistas da América intervieram, convencendo Zelensky a cortar os laços com Trump e prometendo-lhe o apoio da UE na guerra.

Exatamente o mesmo aconteceu durante as primeiras negociações de Istambul no início da SMO — esses mesmos atores convenceram Zelensky a rasgar todos os acordos assinados anteriormente. Agora, persuadiram-no a romper os acordos com Trump sobre os direitos aos recursos minerais da Ucrânia, embora ele já estivesse pronto para entregar esses direitos aos britânicos, que lhe prometeram apoio.

Putin deixou claro em Murmansk que não iremos meramente pressionar o inimigo — iremos acabar com ele. Isso significa que a guerra continua e nada está a mudar. E mesmo se começarmos a construir melhores relações com os EUA, isso não afetará direta ou imediatamente o curso da SMO.

A guerra continua. Isso é evidente pela irritação de Trump, pela política agressiva da UE e pelas táticas terroristas de Zelensky. Também é claro pelas palavras do nosso presidente, que apela ao povo e à sociedade para não relaxarem. A guerra não acabou porque ela só pode acabar com a nossa vitória — e para isso, há ainda muito trabalho pela frente.

E, para concluir — a lição mais importante: Trump e os EUA estão gradualmente a retirar-se do conflito. Como não é a sua guerra, e não conseguiu acabar com ela, Trump entregará a iniciativa à União Europeia. Deixará a condução desta guerra para a Europa e para o próprio Zelensky. É um gesto de Pôncio Pilatos: Trump está a lavar as mãos. Claro, ele está a fazer isso gradualmente, para que a frente não entre em colapso imediatamente devido à retirada do apoio americano.

Isso sinaliza um certo nível de desescalada. Mas, como a União Europeia agora está a assumir a responsabilidade de travar uma guerra contra nós, podemos esperar que a ditadura liberal na Europa se intensifique drasticamente. Já estamos agora a ver isso: a líder da Frente Nacional da França, Marine Le Pen — a principal rival política de Macron — foi condenada por acusações totalmente infundadas. Acontece que Soros comprou todos os juízes nos regimes democráticos — todo o sistema judicial agora está ideologicamente ativado e corrompido pelas redes globalistas.

Praticamente não há mais justiça — nem na América nem na Europa. Ela só pode existir em regimes soberanos. Onde quer que a democracia liberal esteja instalada, todo o sistema judicial está completamente nas mãos dos globalistas. Portanto, esperar por qualquer tipo de resolução legal não é mais possível. Agora, todos estão por conta própria.

Para repetir: a UE, como o centro e a sede da ditadura liberal, está agora a entrar num estado de guerra direta connosco na Ucrânia, enquanto os EUA estão a recuar e a retirarem-se do conflito. E esta é uma boa notícia. O campo de operações para a mendicância terrorista de Zelensky está a estreitar-se — mas sabemos o quão eficaz esse palhaço encharcado de sangue tem sido a desencantar fundos e apoio militar.

Portanto, a guerra continua — e devemos estar preparados para travá-la até à vitória final. Neste ponto, não consigo antever se pararemos nas fronteiras ocidentais da Ucrânia ou não. Nem os europeus sabem — pois eles mesmos estão fazendo tudo o que podem para garantir que, nesta guerra, não paremos na Ucrânia

Fonte aqui.

Do blogue Estátua de Sal 

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