Os bichos antropoides mais bizarros que aparecem nas televisões a falar no 25 de Novembro, deixam-nos perplexos. Por exemplo, Paulo Núncio, do CDS, um daqueles saudosos de um fascismo que não viveram, é, para espanto dos povos, deputado. Não se percebe bem com que competências, mas uma das vantagens da democracia é que os idiotas não são nomeados pelos ditadores, são eleitos. E, por espantoso que possa parecer, Paulo Núncio foi eleito. Agora, é vê-lo no Parlamento a asneirar e na televisão a “analisar”. Hoje, na RTP3, tendo como vítima e interlocutor – à distância – o Manuel Loff que, por estas e por outras, parece candidatar-se à canonização - que paciência de santo, Manuel! – meteu nojo incontinentemente.
Às tantas, as bocas parvas do Núncio, interrompendo, obrigaram o seu interlocutor ao ultimato que eu gostaria de ver mais vezes na televisão: ou a criatura se calava, ou ele, Loff, abandonava aquele eufemisticamente chamado debate.
A dado passo, da boca suja Paulo Núncio, saiu a alegação de um testemunho inacreditável, prova da indigência rasteira do orador: alegou, como argumento, uma conversa com Zita Seabra! Segundo ele diz que ela lhe disse, a União dos Estudantes Comunistas estaria, de armas alerta, preparada para o tal “levantamento” da esquerda que só existe na cabeça de crápulas como este e nos anjinhos que nele acreditam – parece que o Núncio ainda não recuperou do fracasso do programa da direita para o 25 de Novembro, que era a ilegalização do PCP.
Já agora, contribuindo para a limpeza mental de quem acredita em parvoíces e canalhices que tais, devo dizer que eu próprio era dirigente da UEC nessa altura – no organismo de direcção coordenado pela própria Zita, ainda intelectualmente funcional, antes da senhora de Fátima se lhe revelar - e nada disso se passou. Quer dizer, é uma mentira pura e dura. Ou a Zita mentiu ao papalvo do Núncio, ou o Núncio mentiu a todos ao alegar tal intimidade com a ex-ex-ex-comunista. Seja como for, note-se este esforço que a direta tem feito por estes dias para que a “comemoração” – ou lá o que é aquilo -, com a qual pretendem convencer-nos que também queriam a democracia, surta efeito na mente dos ingénuos – há muitos. Tanto, que até elegeram, a dado passo, como presidente do seu partido, o ex-favorito da extremíssima direita para a sucessão de Salazar, pessoa de mui grande saber jurídico e poucos escrúpulos já que, quando foi ministro do fascismo, mandou reabrir o campo da morte do Tarrafal. O mais abjecto de tudo isto, é ver e ouvir esta canalhada a dar lições de democracia a quem lutou por ela pagando por isso, por vezes, o supremo preço.
É sempre isto. E é triste. De que nos serve ter vencido leões, se somos devorados por percevejos?
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