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domingo, 6 de outubro de 2024

Um livro indispensável e que fará data:

(José Catarino Soares, in Facebook, 04/10/2024) 


É impossível compreender as duas guerras na Ucrânia ⎼ a primeira, que começou em 2 de Maio de 2014 e se prolongou até 24 de Fevereiro de 2022, e a segunda, que começou em 24 de Fevereiro de 2022 e que ainda continua ⎼ sem conhecer e compreender o golpe de Estado sangrento de 22 de Fevereiro de 2014, que derrubou inconstitucionalmente o presidente da Ucrânia livremente eleito, Viktor Ianukóvytch.

A pessoa que investigou meticulosamente a matança na praça Maidan, em Quieve, que precedeu imediatamente e alimentou esse golpe de Estado, chama-se Ivan Katchanovski. 

Ivan Katchanovski

Para os comentadores do sistema mediático dominante e oligarquizado de comunicação social do chamado “Ocidente alargado” (jornais e revistas de grande circulação; emissoras de rádio e estações de televisão de grande audiência; agências de comunicação estratégica; agências noticiosas globais [AP, AFP, Reuters, EFE]) este nome é quase tabu, pelo que é improvável que seja conhecido do grande público.

Porém, os leitores do meu livro “Dissipando a Névoa Artificial da Guerra — um roteiro para o fim das guerras na Ucrânia, a paz na Europa e o desarmamento nuclear universal” (Editora Primeiro Capítulo, Agosto 2023) sabem quem é, mais do que não seja porque o citei abundantemente, como merece. Pois bem, a grande notícia é que o professor Katchanovski acaba de publicar um livro indispensável e que fará data, culminando 10 anos de aturadas e escrupulosas investigações sobre o assunto que não deixaram nenhuma pedra por levantar. Mas Ivan Katchanovski fez mais: decidiu fazer uma campanha pública de angariação colectiva de fundos para tornar o seu livro acessível a todos os leitores interessados, seja qual for o seu poder de compra. O que se segue é a tradução das suas próprias palavras sobre essa campanha [o material entre parênteses rectos foi acrescentado por mim ao original]. Vejamos, então, o que nos diz:

«Estou a fazer angariação pública e colectiva de fundos [ingl. “crowdfunding”] para pagar a publicação, em acesso aberto, do meu livro, intitulado “The Maidan Massacre in Ukraine — the mass killing that changed the world” [A Matança de Maidan na Ucrânia — o morticínio que mudou o mundo.]. A edição electrónica de acesso livre deste livro, revisto por pares, acaba de ser publicada pela Palgrave Macmillan, uma marca da Springer Nature, uma das principais editoras académicas ocidentais (Ver aqui).

A publicação de acesso livre torna a edição electrónica deste livro gratuita para todos o lerem, descarregarem, compartilharem, traduzirem e republicarem, no todo ou em parte. Este facto também torna o livro sobre esta matança crucial na Ucrânia e no mundo acessível a um público muito mais vasto, em particular, àqueles que não podem pagar a edição de capa dura do livro ou que não têm acesso a bibliotecas universitárias. A edição de capa dura tinha um preço inicial de 139,99 dólares americanos (204,50 dólares canadianos) mais impostos. Mas o preço da edição de capa dura, cuja publicação ocorreu em 2 de Outubro de 2024, será reduzido pelo editor para cerca de 50 dólares depois de eu pagar a taxa de acesso livre.

A taxa de acesso livre que tem de ser paga ao editor no prazo de seis semanas após a publicação do livro é de $15.800 americanos ($21.272 canadianos) para todo o livro (Ver aqui).

Candidatei-me a uma bolsa de publicação da minha universidade no valor máximo de 2.500 dólares para cobrir uma parte da taxa de acesso livre.

[Até agora, 4 de Outubro de 2024, foram recolhidos 5.689 dólares canadianos de 99 doadores, para um objetivo de 18.772 dólares canadianos <12.553 euros>. Se quiser ser um doador e ajudar o professor Ivan Katchanovski a atingir este objetivo, clique aqui.

Como recompensa, os doadores podem obter gratuitamente a edição electrónica do meu livro ou comprar uma edição de capa dura do livro com um grande desconto de cerca de 90 dólares em relação ao preço original no sítio Web da Springer Nature ou nas principais livrarias, como a Amazon: (ver aqui e  aqui ).

Este livro baseia-se em mais de 10 anos de investigação, que financiei com o meu próprio dinheiro. Também renunciarei aos meus direitos de autor pelo livro de acesso livre.

Sou um cientista político ucraniano e canadiano especializado em política e conflitos na Ucrânia. Nasci na Ucrânia e obtive o meu doutoramento na Universidade George Mason, nos Estados Unidos. Dou aulas na Escola de Estudos Políticos da Universidade de Otava (Canadá). Anteriormente, ocupei vários cargos académicos na Universidade de Harvard, na Universidade Pública de Nova Iorque em Potsdam, na Universidade de Toronto e no Centro Kluge da Biblioteca do Congresso. As minhas publicações académicas incluem 5 livros, 2 livros a publicar, 20 artigos em revistas especializadas e 12 capítulos de livros. As minhas entrevistas, comentários e publicações apareceram em mais de 3.000 notícias nos meios de comunicação social em mais de 80 países».

Do blogue Estátua de Sal

Comentário de Joaquim Camacho

  1. Sobre a identidade e os mandantes dos snipers de Maidan, a RT fez, em cima dos acontecimentos, uma interessante reportagem sobre uma conversa telefónica entre Urmas Paet, então ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia e insuspeito de putinismo, e a representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, a britânica Catherine Ashton, pois o Reino Unido pertencia ainda à UE. Tanto Urmas Paet como Catherine Ashton confirmaram a autenticidade da conversa (os russos também sabem fazer escutas, claro).

    Nesse telefonema, Urmas Paet diz a Catherine Ashton que, afinal, tudo indica que os snipers não actuaram a mando de Ianukovitch mas sim de alguém da oposição que organizava os protestos de Maidan (“the new coalition”, na terminologia dele). Lembremos que Ianukovitch tinha acabado de assinar com a dita oposição um acordo para antecipação das eleições (o que era, aliás, a sua principal reivindicação) e a eventual recusa do ainda presidente dava-lhes jeito para continuar a alimentar e dinamizar os protestos. Quando ele aceitou, esvaziando-lhes os motivos, havia que fazer qualquer coisa para provocar uma ruptura definitiva e voltar tudo à estaca zero. Foi esse o objectivo dos snipers contratados pelos contestatários, que dispararam sobre tudo e sobre todos, nomeadamente os seus correligionários, matando à volta de cem pessoas e reduzindo a pó o acordo pouco antes conseguido.

    Giro giro é ouvir a reacção de Catherine Ashton às informações que Urmas Paet lhe está a dar. O normal e lógico, perante factos com aquela gravidade, seria: “Não me diga! Isso é gravíssimo, vou já alertar a Comissão Europeia, eventualmente as Nações Unidas, para que isso seja denunciado e rigorosamente investigado.” Em vez disso, responde apenas por monossílabos, “Ah, An, Oh”, rezando para que o outro se cale. Pode traduzir-se assim: “Porra, este gajo é estúpido ou quê? Diz-me estas coisas assim, pelo telefone, às claras, e não lhe ocorre que não somos só nós que escutamos tudo e mais um par de botas? Que os russos também estão certamente a ouvir-nos e vão usar isto contra nós? Mas este idiota acha mesmo que alguém aqui se importa que aqueles que promovemos como lutadores pela liberdade e democracia sejam, afinal, energúmenos sem escrúpulos nem princípios, dispostos a qualquer barbaridade para chegar ao poder? Isso estamos nós fartos de saber e sempre foi o lado para onde dormimos melhor, carago!”

    https://youtu.be/FSxMaU8oUeo?si=xxnaYbuHlTre9aAI

  2. No primeiro link a seguir, a conversa telefónica completa entre Urmas Paet e Catherine Ashton, de que o link do comentário anterior é um excerto. MUITÍSSIMO INTERESSANTE! Repare-se em como Catherine Ashton (Baroness Ashton of Upholland, gente fina é outra coisa!), durante quase toda conversa, é bastante faladora, até ao momento em que, com todos os dentes que tem na boca (podem admirá-los, aos magníficos dentes, no segundo link), atribui descaradamente o massacre dos snipers ao Ianukovitch, provavelmente sabendo já então que era mentira. A loquacidade acaba nessa altura, quando o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia (a provar que ainda há ingénuos no lado de cá) lhe responde, candidamente, que afinal o assassino parece que não foi o demónio Ianukovitch mas sim um democrata da “new coalition”, e que quem o informou disso foi alguém também da bendita “new coalition”. É aí que a mulher embatuca, desata a debitar monossílabos e não descansa enquanto não acaba a conversa. Esta é apenas mais uma prova de que os sacanas que nos controlam “democraticamente” os destinos sempre souberam a massa de que eram feitos os bandidos ucronazis a quem entregaram as vidas de (nessa época) perto de 40 milhões de ucranianos.

    https://youtu.be/TZrshSZZsVM?si=8NIb73i-RTBiHlpz

    https://en.wikipedia.org/wiki/Catherine_Ashton?wprov=sfla1

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