Uma reportagem da CNN Portugal
apresenta-nos Ana, uma portuguesa que se encontra na Ucrânia e “serve como
enfermeira”, estando integrada num “pelotão internacional”.
Entrevistada pela CNN, Ana diz que só “a tia e o irmão” é que sabem onde se encontra. Durante a reportagem, e ao contrário de outros soldados entrevistados, Ana nunca mostra a cara e apresenta-se como “Ana Nunes”. Diz-se que está na Ucrânia como enfermeira, mas, durante a entrevista, gravada via Zoom, não fala uma única vez do trabalho como enfermeira.
Quem é, então, esta portuguesa,
de nome Ana, que está na Ucrânia? Trata-se de Ana Cristina Cardoso. Antiga
militante do Chega, membro da Nova Ordem Social (NOS) de Mário Machado e da
Resistência Nacional, grupos neo-nazis portugueses. Foi também Ana quem
organizou a parada racista ao estilo do Ku Klux Klan em frente à sede da SOS
Racismo. Na Grande Reportagem da SIC, conduzida pelo jornalista Pedro Coelho,
Ana é uma das figuras que nos aparece como fazendo parte do submundo do partido
proto-fascista de André Ventura.
Tal como Mário Machado, também
Ana quis ir combater para a Ucrânia, junto de um “pelotão internacional”. E
foi. Mas, ao contrário de Mário Machado, não tem a exposição suficiente, quer a
nível nacional, quer a nível internacional, para ser recusada e, como tal,
passou pelos pingos da chuva e foi integrada. Não sei por que razão a CNN
Portugal não esclarece que pelotão é esse, parecendo ficar a peça jornalística
muito aquém daquilo que poderia ser.
Ana foi inteligente para poder alcançar os seus objectivos. Não anunciou que queria ir combater para a Ucrânia e ser integrada nos pobres batalhões neo-nazis que, desde 2014, se misturaram nas forças armadas ucranianas. Ao invés, apenas foi. E, como tal, só a tia e o irmão têm conhecimento do facto. E, como tal, não mostra a cara na entrevista que dá. Dar a entrevista, mesmo de cara tapada, é que foi o erro. Até porque é, quase sempre, este o erro dos nazis: acharem que todos os outros são parvos. Não são. E vocês não enganam ninguém.
Ana Cristina Cardoso e colegas neo-nazis.
Sabemos que muitos grupos e indivíduos neo-nazis partiram, nos últimos anos, para a Ucrânia, onde novas correntes nazis se fundaram e se fundiram com as velhas. O surgimento dos movimentos neo-nazis na Ucrânia é conhecido, é factual, mas é complexo. Nada é a preto e branco. Só que a treta dos nacionalismos nunca foi sobre nações: é sobre nazis, dos Wagner às “enfermeiras” “voluntárias”. O orgulho em excesso é uma parolada. O orgulho em ser nazi tramou o disfarce de Ana.
Só o povo salva o povo. A reportagem da CNN Portugal na íntegra: clique aqui.
29/05/2022 by João L Maio
Do blogue Aventar
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