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terça-feira, 30 de dezembro de 2025

PAZ NA UCRÂNIA? Era bom era!

Nem nos apercebemos como hoje a mentira, a narrativa , ou a distorção da informação se tornaram sistémicas no ocidente.

Há muito tempo que não podemos confiar nos media para nos darem uma informação objetiva e limpa da realidade, e, pior ainda, quando há interesses políticos claramente em jogo.
Vem isto as propósito de mais de mais um encontro entre Zelensky e Trump para se encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia.
Porque se arrasta este processo, que acarreta centenas de mortos e feridos por dia? Por uma razão apenas. Os EUA querem sair desta embrulhada porque já perceberam que se prejudicam mais do que ganham continuando a investir nesta guerra de que foram os causadores. Do outro lado, o problema é que a Europa investiu tanto nesta guerra sob o impulso do anterior presidente americano Joe Biden, que qualquer saída do processo é uma derrota humilhante. Ninguém quer ficar com essa humilhação. Os líderes europeus têm consciência de terem incentivado Zelensky a lutar e a não aceitar os termos que os próprios ucranianos tinham aceite e apresentado à Rússia em Março de 2022. A Europa tem responsabilidade diretas nas centenas de milhares de mortos que podiam ter sido evitados com a proposta de acordo de Março de 2022, apresentada pela Ucrânia em Istambul apenas um mês depois da operação militar russa. Mas acreditaram que a Rússia seriam derrotada economicamente com as sanções, politicamente com o isolamento internacional, e militarmente com a ajuda europeia e dos EUA. Jogaram tudo neste conflito, e perderam em todas as frentes. Por isso, a humilhação é histórica, por muito que a farronca dos líderes europeus tente disfarçar. E economicamente a Europa é a maior vítima da sua própria arrogância. Porquê todo este introito?
Porque ao contrário do que Trump disse ontem em conferência de imprensa, não se está absolutamente nada próximo de um acordo para terminar o conflito. Nada mesmo. Falta o essencial. Obviamente que Trump não podia ter dito mais após as conversas com Zelensky. Agora a realidade irá descer sobre os protagonistas e voltaremos a ter líderes europeus a tentar convencer Zelensky a não aceitar os termos que russos têm imposto, e os americanos reconhecem como indispensáveis para uma solução séria do conflito. Nem Zelensky nem a Europa estão preparados para assumir a derrota. É tão simples como isso.
E sem meios materiais, humanos e militares para apoiar Zelensky, a Europa vai insistir em garantias para depois da paz, mas sem mostrarem como se chega à paz. O habitual! E Trump voltará a ser pressionado pelos neocons que insistirão que os EUA devem aumentar as sanções à Rússia, e assim continuarão a tentar controlar Trump.
Gostava, obviamente, de estar enganado. Mas as minhas previsões falham na maioria das vezes por serem menos pessimistas do que a realidade se encarrega de expor.
Há uma dúvida que tenho nesta altura. Até onde irá a subserviência europeia aos EUA? coloco esta questão porque há pouco mais de uma semana a administração dos EUA publicou um documento com a estratégia de segurança para o futuro, e nesse documento teve expressões muito pouco simpáticas para com a Europa. Diria que no documento se usam expressões que nada têm a ver com aliados. Na realidade, a Europa deixa de ser tratada como um aliado e é referida mais como um problema. A Europa está em erosão e declínio, segundo a visão americana, que não hesita em criticar a política energética e de imigração como catastróficas para o futuro da Europa.
Assim, a menos que os europeus se indignem um bocadinho, mas só se tiverem um mínimo de auto estima, com a atual administração americana, e resolvam adotar uma nova atitude de fuga para a frente e decidam, em ato de loucura total, envolverem-se diretamente no conflito para tentarem arrastar os americanos em seu socorro, tudo isso para evitar um entendimento entre os EUA e a Rússia, a Europa fará o que é previsível: arrastar ainda mais o conflito. Portanto, na minha interpretação vai haver muita irritação entre os líderes europeus, uma vez que os EUA perceberam que não conseguem impor à Rússia um cessar fogo que apenas iria servir para a recuperação das forças ucranianas. A Rússia sabe muito bem o que foram os Acordos de Minsk e não cairão noutra aldrabice ocidental que serviu na altura apenas para armar a Ucrânia.
Nesses termos, mais uns milhares de mortos entre ucranianos e russos estão "garantidos" por conta da Europa, até que pouco reste da Ucrânia, que obviamente todos nós pagaremos com mais impostos e mais inflação. Nada que me surpreenda, pois esse é o sentido da evolução da economia ocidental neste momento histórico da transição para a multipolaridade, que apanha a Europa despreparada para enfrentar as consequências de ter vivido artificialmente numa redoma que não a convocou para os desafios da nova economia, e lhe permitiu a fantasia das causas ideológicas, climáticas e multiculturais. Agora, a fatura inevitável é uma inflação estrutural devido ao custo da energia e custos de produção com matérias primas mais caras devido à disrupção das cadeias de abastecimento do tempo da globalização. Esse tempo " porreiro pá", terminou!

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