(Estátua de Sal, 18/04/2025)

Em tempos idos esta época era de antecipação anunciada da festa a haver e a fruir no próximo domingo, o dito domingo de Páscoa. Os padrinhos davam o folar aos afilhados, e os crentes abriam as portas de casa – desde que assinaladas com o verde de folhas de vegetação variada -, ao compasso. O padre da freguesia comandava o séquito dos mordomos, entrava casa adentro, corria todos os presentes aspergidos a água benta, recolhia o envelope que continha a côngrua, e despedia-se fazendo votos de, no ano seguinte, nos encontrarmos todos de novo.
Adoçava-se a boca com amêndoas, umas coloridas, outras mais em branco – as mais comuns -, outras mais dadas a modernices, vestidas de chocolate ou mesmo recheadas a licor. E era assim.
Hoje o mundo está numa escalada íngreme para um dealbar de perigos surpreendentes e de incertezas dilacerantes. Ainda que, por isso mesmo, a angústia nos possa assaltar repentina e inusitadamente, a Estátua acha que, ainda assim, uma réstea de esperança nos deve serenar. E por isso deixa a todos os que a seguem – crentes e não-crentes -, votos de uma Páscoa Feliz.
E aqueles que quiserem ajudar a Estátua a prosseguir por aqui a sua presença diária, podem sempre mandar-lhe uma amêndoa, não importa de que cor ou recheio…
Antecipadamente grato.
Estátua de Sal, 18/04/2025
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