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domingo, 24 de novembro de 2024

O 49.º aniversário do 25 de novembro – Ou há falta de memória ou anda tudo doido:

Os pais do regime foram militares, não foram Cunhal, Soares, Sá Carneiro ou Freitas do Amaral, os líderes fundadores dos partidos que votaram a Constituição da República (CRP) – PCP, PS, PPD e CDS, e mais 6 deputados de esquerda, 5 do MDP e 1 da UDP.
A transferência do poder para os partidos, prometida pelo MFA, resultou da aprovação da CRP na Assembleia Constituinte, reunida em sessão plenária a 2 de abril de 1976. Foram capitães de Abril que garantiram a democracia até às eleições legislativas.
A comemoração do 49.º aniversário do 25 de novembro foi inventada por quem parece não digerir o 25 de Abril. É o embuste que procura esconder as sucessivas derrotas que a direita reacionária sofreu nesse dia. Pela 4.ª vez! Depois do 25 de Abril foi derrotada no 28 de setembro, no 11 de março e no 25 de novembro.
A direita, que rasurou o feriado do 5 de Outubro do calendário, celebrou-o na Câmara de Lisboa com o homem de mão do PR, Carlos Moedas. Marcelo foi aí comemorar o golpe de 7 de novembro, com a PGR Lucília Gago e os seus beneficiários, Montenegro PM e Aguiar Branco PAR, a pretexto de comemorar a data que PSD/CDS desprezaram.
Se os comemoradores do 25 de novembro soubessem que o 25 de Abril substituiu um regime, e o 25 de novembro nem o governo alterou, envergonhar-se-iam do pretexto da desforra. Ignoram que o VI Governo Provisório, de 19 de setembro de 1975, se manteve até 23 de julho de 1976, integrando militares de Abril e membros do PS, PSD e PCP?
Sem vergonha, andam há muito a aliciar Ramalho Eanes o militar que o comandante da Região Militar de Lisboa, o então general Vasco Lourenço, designou. O Grupo dos Nove apoiá-lo-ia depois, em conjunto com o PS, na sua candidatura vitoriosa a PR.
Todos os partidos quiseram influenciar o MFA, e só o PS mobilizou a população para o apoio civil ao Grupo dos Nove. Na data que comemoram, só Mário Soares e Álvaro Cunhal, dos quatro líderes a quem devemos a CRP, estavam em Portugal. Sá Carneiro e Freitas do Amaral estavam ausentes no estrangeiro, e o líder do PSD, então PPD, era o saudoso revolucionário Emídio Guerreiro cujo retrato ainda não foi enviado da Rua de Sant’ Ana à Lapa para o Largo do Rato.
O PSD, que comemorou o 50.º aniversário do 25 de Abril e esqueceu igual efeméride do 28 de setembro e do 11 de março, cedeu ao CDS para falsificar a História contra quatro capitães de Abril ainda vivos e contra o PS, o partido vencedor com o Grupo dos Nove. E quis chamar a si os louros do PS sem esperar o 50.º aniversário do 25 de novembro.
Quem quis comemorar na AR os 49 anos da data esqueceu decerto que Soares Carneiro foi o seu candidato a PR, derrotado por Eanes e que, a dois meses de completar 90 anos, acetou, finalmente, ser homenageado por quem então derrotou.

Ou há falta de memória ou anda tudo doido.

Carlos Esperança 

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