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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

A violência do Hamas deve-se à violência de Israel contra os palestinos, pareceu dizer Guterres há um ano:

Pessoas que envergam com fervor o “kaffieh” no Ocidente por estes dias, olhemos para o Médio Oriente. Paquistão, Afeganistão, Irão, Iraque, Síria. Fiquemo-nos por aqui (e para não irmos até África). Não vivem nestes países palestinos cuja opressão justifique a violência. E, no entanto, são países com regimes violentos. Matar e morrer estão à distância de uma escaramuça, de uma infracção mínima às regras, de uma ofensa religiosa, de um interesse russo. Sacar de uma faca, de uma arma ou de uma bomba é muito fácil. Abusar das mulheres mais fácil ainda. Frequentemente carros explodem, manifestantes são alvejados ou levados para prisões onde são mortos. A esmagadora maioria da população (dizem-me que muito afável) vive silenciada e submissa. Não há por lá palestinos “roubados” e “acantonados” e, no entanto, a morte às mãos de um ou de outro grupo, ou dos governantes, é sempre um fim plausível a cada instante. São todos seguidores do islão e, no entanto, matam-se.

O regime do Irão elegeu como bode expiatório os judeus para justificar a violência também naquele sítio e exercer a sua vingança pela hostilidade com que é naturalmente tratado pelo Ocidente. Serve-se dos palestinos, uma comunidade com razões de queixa antigas e muitas vezes justas em relação aos judeus e com ressentimentos crescentes. Uma comunidade paralisada e receptiva a mensagens de ódio. Arma o Hezbollah no Líbano, arma o Hamas em Gaza, arma os Houtis no Iémen, arma a Irmandade Muçulmana em geral, cerca Israel. Objectivo: expulsar os judeus, um povo livre e “ocidentalizado”, uma democracia, que, segundo eles, não terá o direito de viver ali, e atingir assim os ocidentais seus aliados. Libertar os palestinos é altruísmo a mais para ser credível.

No entanto, tiremos de lá os judeus (reduza-se Telaviv a escombros, não haverá outra hipótese) e a violência não acabará. Porquê? Em primeiro lugar, porque continuará ainda a sobrar “O Ocidente”. Em segundo, porque existem facções rivais que se odeiam (Fatah, Hamas, Estado Islâmico, sunitas, xiitas, etc.). Em terceiro, porque, não havendo judeus naqueles países mencionados, a repressão e a violência são uma constante, ou seja, os problemas que existem noutras paragens não são os judeus nem desaparecerão após o extermínio dos judeus. Pelo contrário.

Pior: fartos de miséria e violência (e não particularmente na Palestina), muitos muçulmanos fogem para a Europa em busca de paz e bem-estar. Mas não todos. À boleia de gente à partida pacífica, vêm os alucinados fundamentalistas que, por programação cerebral desde tenra idade, acreditam que matar “infiéis” e islamizar todo o Ocidente é uma missão terrena e tudo farão para isso (muitos deles pagos, neste mundo, neste mundo), incluindo pela captação da simpatia e solidariedade da tal população pacífica ainda dificilmente integrada na sociedade para onde emigrou. E pelo terror (a que já estão habituados), como explosões em recintos de espectáculos. E é nisto que estamos, na exportação da violência, com a agravante de a eles se juntarem cidadãos ocidentais que se solidarizam com os que nos querem dominar. Em nome da Palestina! Não estão a ser parvos, os islamistas. Nada mesmo.

Os palestinos, se o quiserem muito (o que não é certo, como aconteceu aquando dos acordos de Oslo), até podem vir a ter o seu Estado, depois de devidamente expulsos (e bem) os colonos judeus da Cisjordânia (também tinham saído de Gaza). A questão é “para quê”. O Hamas já teve Gaza e o que fez? Construiu, desviando o dinheiro da ajuda internacional, toda uma infraestrutura subterrânea com vista a armar-se e a assassinar os vizinhos, sem a mínima preocupação com as consequências, sem o mínimo respeito pela vida da população que os elegeu. Será para isso que a Cisjordânia quer ser um Estado Palestino? Para dispor do seu próprio exército de extermínio? É legítimo perguntar. Há que esclarecer. É razoável duvidar.

Por tudo isto, esta guerra não se resolve enquanto as armas não se calarem, sim, mas de ambos os lados. Ambos. Não só do lado de Israel. E, das duas uma: ou o Estado de Israel é reconhecido pelos muçulmanos e se definem as suas fronteiras de vez, ou não é reconhecido e não haverá outro remédio que não seja manter a guerra intermitente e as mortes que acarreta, ou então destruir Israel com uma bomba atómica, matando igualmente palestinos, libaneses, sírios e jordanos. Estranhamente, não ouço os manifestantes de Londres, Paris, Berlim ou Nova Iorque de kaffieh a reclamarem o desarmamento de todos os beligerantes. Apenas o de Israel. O que me leva a concluir que, também eles, querem a destruição do Estado de Israel e a sua substituição por um Estado islâmico. Muito melhor, sem dúvida. Super tolerante e pacifista. Sem perceberem que, perante tanto humanismo e (visto pelos árabes) fraqueza, a seguir serão eles. Comidos de cebolada, caril e muita hortelã. Se forem homossexuais, com direito a suspensão em guindaste.

Pela minha parte, toda a minha solidariedade vai para os inúmeros iranianos, libaneses, sírios e outros, que festejam a cada golpe que é desferido nos respectivos regimes e seus braços armados, por Israel ou por seja quem for mais civilizado. Estou com eles.

 por Penélope

Do blogue Aspirina B

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