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segunda-feira, 27 de maio de 2024

O PSD e as eleições da Madeira:

A derrota do PS e o desaparecimento da oposição à sua esquerda devia ser motivo de profunda reflexão entre todos os democratas.

A eternização do PSD no poder numa sociedade que conserva traços de feudalismo e onde numerosas pessoas vivem à sua sombra justificam muita coisa, mas não tudo.
Curiosamente é o partido que temendo o desaparecimento, usou à exaustão o argumento do excessivo afastamento do poder no Continente, que acha normal a eternização de um poder onde são maiores os constrangimentos e menores as garantias de votação livre.
Espero que o desespero da esquerda, passadas as eleições europeias, não se envolva em guerras fratricidas para justificar a sua derrota global e procure diagnosticar as causas do desaire em circunstâncias tão desfavoráveis para a direita.
É aqui que algo de estranho se passou após a ruidosa incursão do Ministério Público, a exigir explicações. É claro que ninguém esperaria de Miguel Albuquerque os pruridos éticos de António Costa, que o levaram à demissão, sem voltar a disputar eleições sob suspeita.
Justa ou injustamente, depois da deslocação de uma centena de inspetores da PJ à ilha da Madeira, Miguel Albuquerque não tinha condições para continuar no cargo e, de facto, demitiu-se. Aliás, só não foi detido, à semelhança do presidente da Câmara do Funchal, porque era membro do Conselho de Estado.
Cabia ao Presidente da República solicitar ao PSD que indigitasse outro nome para presidir ao Governo Regional e para poupar o Conselho de Estado à manutenção de um suspeito que a qualidade de Conselheiro impede de investigar.
Seria perverso pensar que o PR, mesmo tratando-se de Marcelo, o tivesse querido poupar à investigação, mas a tortuosidade das suas decisões permite todas as suspeitas.
A verdade é que Miguel Albuquerque não foi detido nem será e continuará presidente da Região Autónoma e membro do Conselho de Estado num ambiente onde a democracia e o regime se dissolvem.
Cabe à esquerda, no seu conjunto, refletir sobre as circunstâncias anómalas da reeleição de Miguel Albuquerque e da sua derrota que, com a repetição de eleições, se agravou.
Carlos Esperança

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