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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Bruxelas e Eurogrupo afastam cenário de “caos e colapso” orçamental. Situação “é boa” e “estável”:

Principais figuras da Economia e Finanças na zona euro destacam desempenho da economia portuguesa, na estreia de Miranda Sarmento no eurogrupo.

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni afirmou, esta segunda-feira, em Bruxelas, que “não está preocupado”, relativamente à situação orçamental portuguesa. O comissário diz-se a par das afirmações do ministro das Finanças, mas afasta o cenário de eminente “Caos e Colapso” das contas públicas, anunciado por Joaquim Miranda Sarmento.

“De um modo geral, penso que a situação orçamental, em Portugal, é boa”, afirmou o comissário, esperando apesar da divergência nas afirmações públicas sobre à situação das finanças nacionais, alcançar um bom entendimento com o novo ministro, nas reuniões em Bruxelas.

“Tomo nota da posição expressa pelo ministro”, afirmou Gentiloni, referindo-se às declarações de Miranda Sarmento que, há menos de uma semana, anunciou que que a actuação do anterior governo “comprometeu as reservas do ministério das finanças”.

Contrariando esta posição, o comissário disse ter, sobre Sarmento, “uma muito boa perspectiva de boa cooperação, tanto no plano de recuperação e resiliência, como na trajectória orçamental para Portugal”.

Questionado sobre se não vê sinais de preocupação, relativamente à economia portuguesa, o comissário respondeu de forma lacónica, dizendo apenas “não estar preocupado”.

O presidente do Eurogrupo, Pascal Donohoe também afastou qualquer preocupação, afirmando que em Bruxelas estão todos de acordo relativamente às finanças de Portugal.


“De uma forma geral, a visão do eurogrupo, da Comissão e de todos os ministros das Finanças membros da União Europeia é que houve uma grande melhoria nas finanças públicas de Portugal”, destacou Donohoe, dando como exemplos os “níveis de endividamento [que] continuam a melhorar e também (...) a economia portuguesa [está a] regressar a um forte crescimento”.

“Espero que continuemos a ter uma excelente cooperação com o novo governo de Portugal e com o seu novo ministro das Finanças, a quem estou ansioso por dar as boas-vindas pessoalmente”, afirmou o presidente do eurogrupo, à entrada para a reunião em que Miranda Sarmento iria participar pela primeira vez.

“Sei que, de uma forma geral, as finanças de Portugal permanecem muito, muito estáveis e em boas condições. Mas sei que o novo ministro das Finanças terá os seus próprios planos sobre como pretende reforçá-las ainda mais, embora eu antecipe uma excelente cooperação”, disse, com “a certeza de que o novo ministro das Finanças nos atualizará hoje sobre a sua mais recente perspetiva em relação à economia”.

Sobre a polémica em torno da acusação ao anterior governo, Pascal Donohoe disse não querer acrescentar comentários: “Deixo isso realmente para o debate que está a ocorrer em Portugal”.

Do lado da Comissão Europeia, o mais alto responsável pelas pastas da Economia e Finanças, o vice-presidente Valdis Dombrovskis foi questionado sobre as expectativas em relação o novo ministro, tendo em conta que quando assumiu funções anunciou que encontrou uma situação muito pior do que anunciada pelo anterior governo.

“Deve dizer-se que, no ano passado, Portugal registou um excedente orçamental de 1,2% do PIB, e também há um plano de excedente para este ano”, respondeu Dombrovskis, considerando “interessante esclarecer com o ministro os planos exatos”.

“No que diz respeito à implementação do plano de recuperação e resiliência, está, de uma forma geral, no bom caminho”, disse, assinalando “no entanto, uma recomendação para que Portugal acelere alguns aspetos da implementação [do PRR]”.  

João Francisco Guerreiro, em Bruxelas

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