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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Qual o pescoço em que se aperta o laço?


Os pacotes de sanções contra a Rússia de Putin vão-se sucedendo e a sua prometida crise económica, social e financeira continua por demonstrar. Pelo contrário, a contragosto, a imprensa ocidental vai reconhecendo os avanços lentos, mas consolidados, dos seus exércitos em Luhansk e no Donbass, ao mesmo tempo que o proscrito rublo revela uma resiliência, que parece falhar ao euro para o qual se preveem taxas assustadoramente mais altas.

Paradoxalmente, também nós, a ocidente, vamos pagando os custos de um conflito sem fim à vista, mas onde os humanos e materiais vão ganhando dimensão avassaladora. Para já temos a inflação a 8% traduzida na sensação de estarem hipotecadas as expetativas de consolidarmos as dignas condições de vida, que deveríamos usufruir como direito fundamental.

Não sobram dúvidas quanto a quem será chamado a pagar a destruição de um país que, seja lá quando for!, chegará exangue à mesa das negociações, e terá devastadas as infraestruturas, as fábricas e campos de cereais, bem como provavelmente o acesso ao mar Negro. A Ucrânia, apressadamente integrada na União Europeia, ser-lhe-á fava indigesta, traduzida num encargo demasiado pesado, sobretudo porque o motor alemão tenderá a gripar ao já não dispor da energia barata vinda da Federação Russa, nem contar com ela - e quiçá com a China se se mantiverem as tentações impulsionadas pelos ultratlantistas! - como destino natural das suas exportações. Podemos conjeturar as dificuldades futuras das instituições sedeadas em Bruxelas, Estrasburgo e Frankfurt para equilibrarem orçamentos pressionados por uma conjuntura de que só os Estados Unidos e a China beneficiarão.

Rendidos ao bullying  mediático, que reduz a guerra a um circo maniqueísta, que justifica a expressão de uma psicologia de massas assente nas emoções, mais do que na razão, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu vão apertando o nó de um laço, que julgam estar metido no pescoço de Putin mas, a prazo, tende a apertar-se no deles. E, infelizmente, no nosso...

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