Operária e militante comunista nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Referenciada como companheira de Militão Ribeiro (*) , foi presa por duas vezes pela polícia política e torturada até à loucura. O assassinato do companheiro pela PIDE e a saúde fortemente abalada pela prisão, martirizaram toda a sua existência. Morreu com 57 anos.
1. Luísa Rodrigues nasceu em Lisboa (freguesia de Santa Isabel), em 7 de Março de 1903, filha de Marçalo Rodrigues e de Maria Rosa. Residia na Rua de São Ciro, 42, 4.º Dto, quando foi presa em 21 de Novembro de 1936 (juntamente com Susana Mendonça dos Santos), acusada “de fazer propaganda subversiva e haver a suspeita de ter distribuído panfletos clandestinos nas oficinas da fábrica onde trabalha”, sendo “conhecida como pessoa de ideias avançadas, chegando a cantar a Internacional e mais versos comunistas, na oficina onde é operária” (1).
Levada para a 1.ª Esquadra no dia 23, foi transferida para o regime de incomunicabilidade em 5 de Dezembro de 1936, passou para a 1.ª Esquadra da PSP em 14 de Dezembro e, em 19 de Dezembro, seguiu para a Cadeia das Mónicas, onde permaneceu cerca de 4 meses, até ser libertada, tal como Susana Mendonça Rodrigues, em 12 de Abril de 1937 (2).
Ter-se-á tornado funcionária do Partido Comunista por volta de 1942 (3). Escassos anos depois, era companheira de casa de Manuel dos Santos, operário comunista conhecido pelo “pequeno Dimitrov”, condenado nos anos 30 a 22 anos de prisão e fugido do Limoeiro em Setembro de 1944, após 12 anos em várias prisões, vindo a morrer na clandestinidade com apenas 33 anos (4).
Em 20 de Junho de 1945, quando usava o pseudónimo “Laura”, Luísa Rodrigues abandonou a tempo uma casa-tipografia de Ermesinde assaltada pela PIDE.
2. Novamente presa em 10 de Fevereiro de 1949, em Macinhata do Vouga, Sever do Vouga, na casa clandestina que partilhava com Militão Bessa Ribeiro, tendo este conseguido, temporariamente, escapar, enquanto Luísa Rodrigues, que usava o pseudónimo “Maria”, destruía documentação. Levada para a sede da PIDE do Porto e acusada de pertencer ao Partido Comunista Português, recusou prestar quaisquer informações apesar de "forçada a estar 4 dias e meio sem comer nem beber” [Avante! N.º 134]. Um mês depois, assistiu à chegada às mesmas instalações de Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro e Sofia Ferreira, tendo os seus constantes gritos contribuído para que se soubesse daquelas prisões (5).
Atendendo ao estado de saúde em que Sofia Ferreira reencontrou Luísa Rodrigues, exigiu assistência médica e tentou dar-lhe apoio moral através de um bilhete, entretanto descoberto. Em entrevista a Antónia Balsinha, datada de 30 de Maio de 2000, aquela refere que “o estado da minha amiga era tão grave que a PIDE acabou por a libertar sem processo”(6).
Libertada em 9 de Maio de 1949, o número de Setembro do Avante! denunciava que tinha sido torturada até à loucura.
Referenciando-a como companheira de Militão Ribeiro, o Avante! de Janeiro de 1961 sublinhou que o assassinato do companheiro pela PIDE e a saúde fortemente abalada pela prisão, martirizaram toda a sua existência.
Faleceu em 1 de Dezembro de 1960, com 57 anos de idade.
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Feminae - Dicionário Contemporâneo, editado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, em 2013, inseriu a sua biografia.
(1) [ANTT, Cadastro Político 8807]
(2) [ANTT, RGP/5322; Processo 1757/936].
(3) José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal – Uma Biografia Política, Vol. 2, Lisboa, Temas e Debates, 2001, p. 640.
(4) [03/02/1914 - 25/10/1947]
(5) Álvaro Cunhal [10/11/1913 - 15/06/2005]; Militão Ribeiro [13/08/1896 - 02/01/1950]; Sofia Ferreira [01/05/1922 - 22/04/2010]
(6) [Antónia Balsinha, As Mulheres de Alhandra na Resistência. Anos quarenta, século XX, Porto, Editora Ausência, 2005, p. 203].
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Biografia organizada por Helena Pato, a partir dos dados biográficos de João Esteves, em Silêncios e Memórias.
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