Não o sendo então sou velho! Também não o considero. Para cima de meia idade. Assim é que é. Por isso já passei por muito na vida. Tenho recordações que não as quero perder. Vou falar de uma que por estes dias me aflorou mais.
Estávamos no ano de mil novecentos e sessenta e um. Tinha doze anos. Na segunda semana de Julho como é da praxe eram e são as Festas Sebastianas e Marcha Alegórica. Na segunda-feira dia dez era o dia da sua saída. Digo era porque há última hora um dilúvio abateu sobre Freamunde. Era chuva e vento. Isto por volta das vinte horas. A saída da Marcha ficou sem efeito. Foliões não apareceram. Pudera. Assim com um dilúvio quem é que arriscava.
A Comissão de Festas votou as mãos à cabeça. O prejuízo ia ser enorme. Já não bastava o trabalho que tiveram em organizá-la que ainda pôr dinheiro dos seus bolsos! Isso não estava no plano. Também julgo que não ia acontecer. Era mais um peditório pela freguesia. Nestas circunstâncias somos solidários.
Aqui em Freamunde qualquer desaire não põe travão seja no evento que for. Assim na terça-feira dia onze o Senhor Anselmo Marques, Industrial de Panificação, pôs a sua frota automóvel com altifalantes em acção, por Freamunde e freguesias circundantes a anunciar a saída da Marcha para a mesma hora de segunda-feira. O rombo que os arcos de iluminação e os Corsos levaram foram repostos.
Agora só se esperava que os foliões aparecerem. O receio era grande. O que é certo conforme o aproximar da hora da saída da Marcha os foliões iam fazendo a aparição. E que aparição. Dizem que aqui em Freamunde quando é votado um foguete o povo vem para a rua, mas nesse dia não era só o de Freamunde. Era o do concelho assim como o de Lousada, Paredes, Penafiel e Santo Tirso. É que as Festas do Mártir S. Sebastião são conhecidíssimas. Assisti à noitada de terça-feira assim como estava presente aquando do dilúvio. Foi da noitada mais concorrida que vi até àquela data. Era novo! Tinha doze anos.
Ao trazer esta situação à minha memória foi a causa de este ano não se realizar as Festas em honra do Mártir S. Sebastião. Também foi uma desilusão. Só que atempada.
Mas mais uma vez a Comissão e os Freamundenses não se deram por derrotados. Aliás, aqui em Freamunde não há derrotas. Pode-se não ganhar sempre, mas nunca se perde. E foi o que aconteceu. Assim de nove a treze de Julho do ano corrente a Comissão inventou uma série de eventos com o nome: “Sebastianas em Casa”.
Hoje derivado à Internet é fácil publicitar algo. Foi o que fizeram. Deram o mote e uma grande parte de Freamundenses seguiu-o. E que maravilha de eventos diários. O de segunda-feira dia treze foi o máximo. Ainda dizem que o número treze é número de azar! Só se for noutras terras. Aqui em Freamunde damo-nos bem com ele.
Foi uma noite memorável. A lembrar a sessão de fogo de segunda-feira de festas. Não foi tão estrondosa. Também não podia ser. Os meios ao dispor não eram comparáveis. Mas deu para ver o céu de Freamunde todo iluminado. Assim. Sim! Freamunde parecia uma baía.
Dá gosto pertencer a este torrão. Em Freamunde é assim… Barulho Pum Pum e Cinfrim.
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