Nunca me cansarei de elogiar o trabalho desenvolvido ao longo dos anos
pelo denominado departamento de formação do S.C. Freamunde, desde o tempo de
"Zeca Mirra", o HOMEM que lançou a semente, adubada contínua e
carinhosamente. Os "frutos", esses, continuam a ser da melhor
qualidade. Nunca me cansarei de incentivar os seus dirigentes para que não
desfaleçam nem se deixem morrer nos tempos da indiferença.
É, no entanto, necessário continuar a dar a melhor das atenções às
áreas de desenvolvimento como é o futebol jovem.
A habilidade, para muitos rapazes (e raparigas) sendo congénita,
cumpre, contudo, à "escola" desenvolvê-la, fornecendo-lhe
conhecimentos e aperfeiçoamentos técnicos. "Escola" ministrada, há
uns anos atrás, por antigos praticantes dotados apenas da experiência adquirida
nas suas carreiras futebolísticas. Mas não só; o desporto, neste caso o
futebol, também é um "campo" de ensinamentos para a vida, sobretudo
para quem os queira (para quem os quis) aprender. Então se o técnico for sabedor
e ministrar, sem pressas, à vontade, tudo o que o jogo exige de si, o jovem
praticante sairá capaz.
Mas nada disto seria, e continuará a ser, possível sem a gente que por
lá tem passado, a chamada "retaguarda", os abnegados, os carolas dos
seus dirigentes, absolutamente amadores, principalmente aqueles que se
debateram com a gritante falta de infraestruturas, que tinham de inventar
receitas para as despesas correntes; compra de equipamentos, chuteiras, bolas,
combustível..., sem a ajuda de um tostão por parte dos pais dos meninos - agora
não é tanto assim, e ainda bem, pois até aqui muita coisa mudou, o que era
irreversível face às constantes transformações que tudo isto levou. Que se
serviram apenas (que remédio!) do acanhado pelado do saudoso
"Carvalhal", disponível para todos, e não eram assim tão poucos.
Dirigentes que fizeram daquele mítico espaço a sua segunda casa, que
diariamente se esforçaram, lutaram, que foram para a frente. Que também
ganharam.
Vem tudo isto a propósito dum glorioso feito alcançado pelos JUNIORES
do Freamunde, faz hoje, dia 17, vinte e cinco anos; os "nossos"
meninos disputaram no campo Rei Ramiro, em Candal, Gaia, com o grupo local, o
segundo jogo da final e empataram-no, 2-2, resultado que serviu, sagrando-se
CAMPEÕES DISTRITAIS da categoria.
RIBEIRO, treinador principal, havia "pegado" neste grupo pela
base, desde os infantis, com o auxílio de excelentes colaboradores. Até à
emancipação, ao último ano da formação, a equipa só soube vencer. Conquistou
sempre o primeiro lugar em todos os escalões etários. Fantástico, só ao alcance
dos denominados "grandes".
Nesta finalíssima, com os candalenses, à rapaziada bastava uma
igualdade, depois da vitória no seu reduto, no jogo da 1ª mão, por 4-3.
Gaia foi inundada de adeptos azuis e brancos que não quiseram faltar à
chamada. O jogo, arbitrado pelo malogrado Miranda de Sousa, foi vivido de forma
emotiva com fases de algum dramatismo. A vencerem por 2-1, a escassos minutos
do derradeiro apito, golos de Arnaldo e Leonel, os jovens freamundenses
consentiram que o valoroso adversário, através da marcação de uma grande
penalidade, empatasse a contenda. Ansiedade dentro e fora das quatro linhas. Os
corações não paravam de bater. O "juiz" silvou, finalmente, por três
vezes e pôs fim ao desespero. O Freamunde tornava-se virtual campeão. Foi a
vitória da raça, da paciência, do sofrimento..., da classe.
Os abraços sucederam-se entre os heróis. Dos que sofreram no banco dos
suplentes aos que tudo deram dentro do pelado. Aos que, fora das quatro linhas,
não pararam um minuto de incentivar os seus meninos. Os mesmos que no final,
num acto espontâneo de alegria, invadiram pacificamente o campo para a
tradicional "caça" aos equipamentos. A festa era toda freamundense.
O treinador, RIBEIRO, na aura envolvente do título, visivelmente
eufórico, destacou, como factores principais do êxito, a união do grupo (e aqui
incluem-se os atletas, dirigentes e treinadores) e o apoio, possível, dos pais.
A ALBINO CAMPOS, líder dos dirigentes, as palavras não lhe
"saíam". Custava balbuciá-las, tamanha a emoção. O caso não era para
menos. «Sem o orçamento dos grandes clubes, com as infraestruturas de todos
conhecidas, sem posses, os resultados, mesmo assim - e ninguém pense que houve
milagres -, apareceram...», lá foi atirando.
FICHA DO JOGO
Local: Campo Rei Ramiro, Candal, Gaia
Árbitro: Miranda de Sousa (Porto), auxiliado por Cerejo Moutinho e
Alfredo Manuel.
FREAMUNDE: Rui Ribeiro, Serafim, Carlos, Fernando e Adriano; Zé "d'Eiriz",
António "de Modelos" e Leonel; Arnaldo (Tonanha), Aníbal e Rui
Pacheco "48" (Jaime).
Ao intervalo: 0-0
Marcadores dos golos do Freamunde: Arnaldo (50) e Leonel (70).
Enquanto a comitiva ficou umas horas por Gaia, para o almoço, os
adeptos, que viajaram em camionetas e automóveis, efusivos com os feitos dos
atletas, regressaram felizes ao seu burgo, com bandeiras tremulando ao vento.
A rapaziada, cada vez mais animada, mal cá chegou, foi direitinha para
o "Dallas", discoteca do povo e para o povo, gerida por dois tipos
fixes - sabem muito bem a quem eu quero referir-me. Lá, deram largas à sua
existência. A vitória foi festejada, pela noite dentro, no meio de uma grande
algazarra, com muita bebida à mistura, tudo oferta da "casa", ao som
constante de "we are de champions", dos "Queen".
Dias depois, a homenagem, mais que merecida, a todos os que diretamente
estiveram envolvidos e que tiveram ali a demonstração de quanto o seu trabalho
foi apreciado. Na "Quinta da Vista Alegre" - após o jogo de consagração
com o Penafiel (7-1), imposição de faixas, entrega de troféu, por Alcino
Campos, dirigente da AFP - o "copo d'água" reuniu inúmeros
associados, amigos do departamento e outras pessoas ligadas às estruturas
desportivas regionais, clubes incluídos.
Ao longo destes 25 anos, todo o grupo ( o possível, pois alguns dos
seus membros já nos deixaram) tem-se reunido num jantar convívio, uma forma
salutar de reforço dos elos de ligação e para que o "feito" não se
apague na poeira do esquecimento.
GLÓRIA AOS CAMPEÕES:
Do Blogue (Freamunde, Factos e Figuras)
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