Um dia, já vão lá mais de
trinta anos, no regresso ao quartel de Balacende, onde cumpria o serviço
militar obrigatório, numa coluna motorizada, notamos algo a correr da picada
para a mata.
Quando assim acontece, tomam-se as medidas necessárias de segurança para não se cair numa emboscada e só depois é que se avança.
Assim aconteceu e passados uns minutos demos com um indivíduo de raça negra que se escondia de nós para não ser capturado. Quando o mandamos vir até nós com as mãos no ar é que reparamos que se encontrava sozinho.
Não queríamos acreditar no que víamos! Não era nenhum guerrilheiro dos movimentos que combatíamos mas, sim um pobre trabalhador das lavras, que trabalhava nestas, para produzir alimentos para os ditos guerrilheiros. A sua fisionomia, barba crescida, muito magro, era a pele em cima do esqueleto, o que nos deu pena por ver assim tal figura.
Chegados ao quartel, depois das formalidades, foi tomar banho, arranjou-se alguma roupa e tratou-se da alimentação. Éramos inimigos mas possuíamos sentimentos. A fome era tanta que devorava tudo o que se punha à sua frente. Achou-se mal. Foi transferido para a enfermaria do quartel de Quicabo, – espécie de hospital – passados três dias morreu da congestão provocada pela ânsia de devorar tudo.
Quando assim acontece, tomam-se as medidas necessárias de segurança para não se cair numa emboscada e só depois é que se avança.
Assim aconteceu e passados uns minutos demos com um indivíduo de raça negra que se escondia de nós para não ser capturado. Quando o mandamos vir até nós com as mãos no ar é que reparamos que se encontrava sozinho.
Não queríamos acreditar no que víamos! Não era nenhum guerrilheiro dos movimentos que combatíamos mas, sim um pobre trabalhador das lavras, que trabalhava nestas, para produzir alimentos para os ditos guerrilheiros. A sua fisionomia, barba crescida, muito magro, era a pele em cima do esqueleto, o que nos deu pena por ver assim tal figura.
Chegados ao quartel, depois das formalidades, foi tomar banho, arranjou-se alguma roupa e tratou-se da alimentação. Éramos inimigos mas possuíamos sentimentos. A fome era tanta que devorava tudo o que se punha à sua frente. Achou-se mal. Foi transferido para a enfermaria do quartel de Quicabo, – espécie de hospital – passados três dias morreu da congestão provocada pela ânsia de devorar tudo.
Vem tudo isto a propósito da
dívida e do que se passa na Madeira. Em 1998 fui ali passar dez dias de férias
a casa do meu irmão que ali trabalha. Encantei-me com a Madeira!
Da sua gente, da maneira cordial como me tratavam, tirando a alcunha “cubano”, as suas paisagens, o ambiente diurno e nocturno, não havia sem abrigos, pedintes, – só uma vez, numa noite, num parque de estacionamento grátis em frente à Assembleia Legislativa Regional, é que apareceu um indivíduo pedindo-me um “cascalho”, mais tarde, vim a saber que se tratava de uma moeda.
Como referi andava encantado com o que ia vendo. É certo que aos lugares que fui, fora o Funchal, eram visitas turísticas. Embora tivesse uma viatura emprestada mas, para fora do Funchal, fui sempre acompanhado por outras viaturas de e com pessoas amigas.
Corri todos os concelhos da Ilha da Madeira: Funchal, Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Calheta, Porto Moniz, S. Vicente, Santana, S. Cruz, Machico e ilha do Porto Santo. De todos que vi, o mais empobrecido foi Machico, mas isso por razões políticas, diziam os meus amigos.
Em 1999 fui para ali trabalhar e a Madeira era praticamente a mesma, embora se notasse um certo crescimento na construção civil. Nas viagens de e para a Madeira notava-se um certo movimento de operários da construção civil, continentais.
Na freguesia que morava, Caniço, no concelho de S. Cruz, notava-se um certo desenvolvimento. Era das povoações mais próximas do Funchal e por vias disso e dos terrenos serem mais baratos os construtores civis aproveitaram para ali construir.
Nesse tempo também ocorreram as obras no aeroporto de S. Catarina e o seu aumento da pista de aterragem. Até aí era um levar a mão ao coração, um silêncio sepulcral com a aterragem, o que depois, consistia com o bater de palmas e vivas aos pilotos.
Da sua gente, da maneira cordial como me tratavam, tirando a alcunha “cubano”, as suas paisagens, o ambiente diurno e nocturno, não havia sem abrigos, pedintes, – só uma vez, numa noite, num parque de estacionamento grátis em frente à Assembleia Legislativa Regional, é que apareceu um indivíduo pedindo-me um “cascalho”, mais tarde, vim a saber que se tratava de uma moeda.
Como referi andava encantado com o que ia vendo. É certo que aos lugares que fui, fora o Funchal, eram visitas turísticas. Embora tivesse uma viatura emprestada mas, para fora do Funchal, fui sempre acompanhado por outras viaturas de e com pessoas amigas.
Corri todos os concelhos da Ilha da Madeira: Funchal, Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Calheta, Porto Moniz, S. Vicente, Santana, S. Cruz, Machico e ilha do Porto Santo. De todos que vi, o mais empobrecido foi Machico, mas isso por razões políticas, diziam os meus amigos.
Em 1999 fui para ali trabalhar e a Madeira era praticamente a mesma, embora se notasse um certo crescimento na construção civil. Nas viagens de e para a Madeira notava-se um certo movimento de operários da construção civil, continentais.
Na freguesia que morava, Caniço, no concelho de S. Cruz, notava-se um certo desenvolvimento. Era das povoações mais próximas do Funchal e por vias disso e dos terrenos serem mais baratos os construtores civis aproveitaram para ali construir.
Nesse tempo também ocorreram as obras no aeroporto de S. Catarina e o seu aumento da pista de aterragem. Até aí era um levar a mão ao coração, um silêncio sepulcral com a aterragem, o que depois, consistia com o bater de palmas e vivas aos pilotos.
Corri toda a Ilha, tinha
viatura própria, o que deu para me inteirar do bom e do mau que ali havia. Não
era como acontece a muitos dos turistas continentais que ali vão e que só lhe
mostram o que lhes interessa. Vi muitos lugares bonitos e bem asseados. Outros
feios e bem sujos. Naquela altura Câmara de Lobos era o exemplo.
Em 2002 regressei ao Continente e já se dava conta que a Madeira estava a perder qualidade de vida. Por força das circunstâncias tive de lá voltar por várias vezes e notava essa qualidade de vida cada vez a piorar.
No Funchal não faltavam sem abrigos. Junto ao Centro Comercial Anadia era um fartar. A freguesia em que morava quase tinha quadruplicado quer em número de habitantes quer em habitações. Quando assim é começam a vir as complicações, tais como: trânsito e saneamento.
Ainda estes dias li num diário da Madeira, Jornal da Madeira ou Notícias da Madeira a queixarem-se que a escola secundária do Caniço já não suporta tantos alunos. O seu concelho, S. Cruz, já foi ultrapassado pela freguesia do Caniço.
Fizeram-se obras sem se verificar o custo/ benefício. Redes viárias, túneis – “furados” como ali dizem – agora são mais que muitos, rodovias em que algumas não passa quase ninguém, parques aquáticos, como o de S. Pedro no concelho de S. Cruz que está sempre às moscas.
Quem como eu que conheceu a Madeira antes e depois é que pode fazer uma avaliação justa e chega à conclusão que o custo benefício não se justifica.
Não sou contra o progresso, sou contra as obras faraónicas. Exemplo disso é Machico. Outrora abandonada e agora são obras e mais obras, algumas ao abandono, caso do Fórum. Os meus amigos chamavam-lhe mamarracho.
Quando ali ia e via estas obras vinha-me à memória a passagem que conto no princípio do texto e relatava-a aos meus amigos sendo por eles contrariado. Mas, para tudo, o tempo é o nosso melhor testemunho. E, ele aqui está. Infelizmente.
Em 2002 regressei ao Continente e já se dava conta que a Madeira estava a perder qualidade de vida. Por força das circunstâncias tive de lá voltar por várias vezes e notava essa qualidade de vida cada vez a piorar.
No Funchal não faltavam sem abrigos. Junto ao Centro Comercial Anadia era um fartar. A freguesia em que morava quase tinha quadruplicado quer em número de habitantes quer em habitações. Quando assim é começam a vir as complicações, tais como: trânsito e saneamento.
Ainda estes dias li num diário da Madeira, Jornal da Madeira ou Notícias da Madeira a queixarem-se que a escola secundária do Caniço já não suporta tantos alunos. O seu concelho, S. Cruz, já foi ultrapassado pela freguesia do Caniço.
Fizeram-se obras sem se verificar o custo/ benefício. Redes viárias, túneis – “furados” como ali dizem – agora são mais que muitos, rodovias em que algumas não passa quase ninguém, parques aquáticos, como o de S. Pedro no concelho de S. Cruz que está sempre às moscas.
Quem como eu que conheceu a Madeira antes e depois é que pode fazer uma avaliação justa e chega à conclusão que o custo benefício não se justifica.
Não sou contra o progresso, sou contra as obras faraónicas. Exemplo disso é Machico. Outrora abandonada e agora são obras e mais obras, algumas ao abandono, caso do Fórum. Os meus amigos chamavam-lhe mamarracho.
Quando ali ia e via estas obras vinha-me à memória a passagem que conto no princípio do texto e relatava-a aos meus amigos sendo por eles contrariado. Mas, para tudo, o tempo é o nosso melhor testemunho. E, ele aqui está. Infelizmente.
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