Rádio Freamunde

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jogo da sueca:

Um dos meus passatempos preferidos é ir regularmente até ao Parque da Cidade. Nestes dias de calor além de saborearmos a frescura do seu meio ambiente, – água e arvoredo – também nos podemos deliciar com o jogo da sueca, jogar ou assistir, ouvir certos comentários dos reformados ou desempregados que ali vão para matar o seu tempo de ócio.
Um desses comentários passou-se entre duas pessoas e a páginas tantas uma comentou. Para que o País andasse para a frente precisávamos de ter outra vez o Salazar, tendo o outro anuído e reforçado, que em vez de um, devia de ser dois, tal o estado. A conversa seguiu o seu rumo e falou-se do ouro que tínhamos no Banco de Portugal, que éramos um País com crédito, assim dava gosto viver. Os intervenientes não eram de idade avançada – deviam de ter entre cinquenta e cinco, sessenta anos – o que me levou a ficar incrédulo com tais dizeres. Não interferi, sei do que a casa gasta nestes assuntos, só se ganha inimizades, que somos um lambe botas da democracia ou do Governo.


Comecei a meditar e fazer comparações entre a governação de Salazar e a depois do vinte e cinco Abril. Se tínhamos bastante ouro no Banco de Portugal faltávamos o que de mais necessário era para o desenvolvimento do País: redes viárias, parque habitacional, parque escolar e o seu ensino, tanto o pré primário, primário, secundário, liceal e universitário, rede eléctrica, saneamento, barragens, parque automóvel, indústria e comércio.
Nesse tempo uma parte da população tinha o dinheiro guardado no colchão – era o mesmo que Salazar o ter no Banco de Portugal - não se importando com as condições habitacionais: compartimentos, luz eléctrica, água canalizada - ia-se aos fontenários ou pedia-se aos vizinhos possuidores de poços - saneamento, quartos de banho com água quente - tomava-se banho duas vezes por semana, aquecia-se a água e era tomado numa bacia. Hoje é ver quem não tem uma casa com condições e bem mobilada.
Na Saúde: Naquele tempo era ver quem se socorria do Serviço Nacional de Saúde? As crianças morriam por falta de assistência, quem tinha uma enfermeira e médica para lhe dar assistência no parto - era uma habilidosa - a assistência à terceira idade. O tempo de vida da população Portuguesa, hoje é mais prolongado derivado a esses cuidados.
Na Segurança Social: todos tem direito a férias, à reforma, ao subsídio de desemprego e de doença, trabalha-se onze meses recebe-se catorze.
No Ensino: Todos tem direito a frequentá-lo e se for inteligente tem direito a Bolsa de Estudo. Não é como antigamente que só ia estudar quem tivesse dinheiro para isso.
O ouro que Salazar tinha no Banco de Portugal hoje está distribuído nestas infra-estruturas. Era isto que me apetecia dizer a esses dois.
Também se Salazar fosse vivo já não governava ou se governasse éramos um País igual à Coreia do Norte – pobre e isolado. É fácil comparar tempos diametralmente opostos. Se queremos essa comparação, então temos de fazer uma autocrítica porque fazemos parte do Mundo actual. E, ainda sou dos que se convencem que a história tem o seu tempo e o seu lugar.

2 comentários:

  1. Não. Então não percebeu. Não tenho a sua idade. Salazar foi um homem inteligente, um excelente ministro das Finanças, e tinha visão. Isolou-nos? Não sei. Talvez nos tenha ensinado a querer estar integrados, mas diga-me foi isso que se conseguiu depois dele? Não. Portugal foi doado e nem sequer tem direito a benefícios fiscais...da Europa.Paralelamente, Portugal está a saque!


    Com os melhores cumprimentos,

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  2. Resposta ao anónimo:
    Portugal está a saque? Sempre esteve ou com Salazar não havia os Champalimaud. Ou por acaso não somos um povo latino. Se fossemos todos honestos com as nossas contribuições éramos um oásis
    Não nota nenhuma diferença na forma como se vive hoje e naquele tempo. Só quem não viveu na década de cinquenta e sessenta é que não sabe dar esse valor. Antes não posso falar porque não era nascido. Ainda me lembro dos cafés dos ricos e dos pobres. Nas diferenças sociais. Se você gostasse de uma rapariga e ela fosse professora ou funcionária pública não podia casar com ela se não tivesse um estatuto igual ou parecido, se fosse um pé descalço, o seu coração ou o dela não importava. A separação nas escolas. Havia as femininas e masculinas. Os baixos salários e a escravidão que havia nas empresas. Não se tinha uma habitação condigna, a maioria das casas não tinham electricidade, era o candeeiro a petróleo.
    Se fosse a enumerar os vários problemas não sei quando acabava este comentário. Olhe que fala quem passou por eles, mas tem orgulho no seu passado e em ser português.
    De qualquer maneira obrigado pelo comentário. O convergir ou divergir é uma virtude e não um defeito.

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