Ouvir o Andresito na televisão provoca-me um enjoo quase físico, um nojo visceral, uma repulsa profunda por este político vigarista, racista, mentiroso e manipulador. Ventura é, para mim, o pior protótipo de troglodita político que se pode imaginar: um aldrabão profissional, um vendedor de banha da cobra com fato e gravata, sempre pronto a despejar ódio em embalagens com rótulo de “verdade”.
Ventura usa exactamente os truques clássicos do charlatão: slogans fáceis, histórias mal contadas, meias-verdades empurradas como se fossem factos absolutos. Aproveita-se das vulnerabilidades mentais de muita gente, mexe nas inseguranças, nos medos, na frustração acumulada. Vai manipulando a memória colectiva, apagando o contexto, distorcendo o passado e reescrevendo episódios à sua maneira. É a velha estratégia da falácia genética: em vez de discutir ideias com seriedade, ataca-se a origem, o rótulo, a tribo — “se veio dali, é mau; se vem de mim, é bom” — e assim se desliga o pensamento crítico de quem o ouve.
Ainda mais perturbador do que assistir às aldrabices deste gajo, é ver que há centenas de milhares de portugueses dispostos a votar neste artista da fraude política. Porquê? Porque estão furiosos com o sistema, cansados da mediocridade geral, e então votam no cão que mais ladra. Quanto mais ele ladra, insulta, provoca e mente, mais alguns o aplaudem, confundindo grosseria com coragem e demagogia com “falar claro”.
Respeito por ele? Na verdade, nenhum. Riem-se das ordinarices do arruaceiro por vingança contra “os políticos todos”, mas seria raro o eleitor que lhe confiasse a educação dos filhos, ou a gestão da sua empresa. Quanto muito, usá-lo-iam como um jagunço.
No fundo, muitos sabem que estão a alimentar um oportunista perigoso – mas fazem-no na mesma, num gesto de raiva cega, mesmo que isso lhes possa rebentar nas mãos mais tarde.
O único alívio que sinto é a profunda convicção de que, mais tarde ou mais cedo, este embusteiro acabará por ser desmascarado e escorraçado. O povo sabe ser cruel com quem o engana.
Até lá, tudo o que me cheire a chegano – discursos, memes, comentários, vídeos virais, tretas de “banha da cobra patriótica” – é pura e simplesmente apagado, bloqueado, varrido do meu campo de visão. Pessoal e profissionalmente, já comecei a escorraçar da minha vista tudo o que esteja ligado à corja chegana, seja ele quem for. Assim mesmo, escorraçados. Simples.
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