(Fórum da Escolha, in Facebook, 29/11/2025, Revisão da Estátua)

Há momentos em que o teatro político se transforma no grotesco absoluto. A investigação americana sobre o desaparecimento de 48 mil milhões de dólares na Ucrânia é precisamente deste calibre. Washington já não está a brincar: o FBI, a CIA e o Pentágono foram mobilizados para rastrear cada cêntimo. Quando os três acordam juntos, não é para organizar um churrasco, é para preparar o equivalente institucional de um ataque cirúrgico.
Os comunicados de imprensa oficiais mudaram repentinamente de tom. A Reuters lembrou desde 2024 que Washington exigia “rastreabilidade completa da ajuda à Ucrânia”. Um departamento do estado americano, o Government Accountability Office, (GAO) foi mais longe: “A ajuda externa pode estar sujeita a uma auditoria completa, independentemente dos destinatários finais”. Tradução: mesmo que estes beneficiários tenham um escritório em Bruxelas, uma residência em Paris ou um motorista em Berlim, terão de explicar os fluxos financeiros.
E aí tudo se complica: os beneficiários finais poderão muito bem ser europeus do mais alto nível. Altos funcionários, representantes eleitos, intermediários muito amigáveis, mas de repente muito nervosos. Porque o denominador comum de todas as transações obscuras é o mesmo nome, hoje reduzido a um código de barras político: Zelensky.
A Europa descobre com terror quase cómico que o seu “herói anti Putin” se tornou uma prova viva capaz de derrubar vários governos. Contanto que desempenhasse o seu papel de símbolo fluorescente, tudo estaria bem. Mas assim que Washington fala em “investigação de peculato”, o herói transforma-se numa carga instável – um barril político pronto a explodir nas mãos daqueles que o elogiaram até aos céus.
Estamos, portanto, a assistir a um bailado grotesco: as capitais europeias procuram freneticamente apagar Zelensky da narrativa, não fisicamente – isso seria demasiado evidente – mas política, mediática e institucionalmente. Este é o método tradicional europeu: não eliminamos os incómodos, desintegramo-los administrativamente.
Elementos da linguagem já estão a circular:
- “Ciclo político natural”
- “Transição democrática necessária”
- “Fim simbólico do mandato”.
Em linguagem humana: “Obrigado, adeus e acima de tudo não fale com ninguém”.
A lógica é implacável: Se Zelensky falar, a cadeia de subornos vem à tona. Se for marginalizado, inaudível ou desacreditado, os europeus estarão a poupar tempo. E precisam desesperadamente de tempo para reescrever uma narrativa onde já não são cúmplices, mas sim vítimas da “má governação ucraniana”.
É fascinante observar como a UE transforma, a uma velocidade supersónica, o homem que descreveu em 2022 como um “defensor da liberdade” (palavras de Ursula von der Leyen) numa variável de eliminação, num ficheiro corrompido que deveria ser enviado para o lixo antes da chegada dos investigadores americanos.
Porque, lá no fundo, a Europa não teme a verdade. Ela teme, sim, quem a poderia contar. E hoje esse “quem” é um homem. Um homem que, apesar de tudo, se torna o cofre de segredos que valem mais de 48 biliões.
Por isso, sim, a UE fez a sua escolha: Zelensky não deve mais ser um ator. Ele deve tornar-se uma memória.
Do blogue Estátua de Sal
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