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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Quando se escrever a história deste tempo do fim do império americano e do crisol de guerras de agressão e esbulho:

Desencadeadas após 1990 contra povos inermes - na Jugoslávia, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e na Síria, mas também no Iémen, das quais resultaram milhões de mortes - um nome saltará como o Urbano II deste tempo, o pregador que conclama o direito à cruzada, às guerras de civilização e ao extermínio dos novos infiéis e dos novos Amaleques. BHL é um diamante aziago. Onde quer que a sua verve incendiária se faça ouvir, a causa que defende sai derrotada. Ainda nos lembramos da paixão pelos Curdos e pela democracia na Líbia, como nos apelos de ajudo aos terroristas que agora semeiam a morte na Síria.
Bernard-Henri Lévy tem sido o pregador dessas violências, o vendedor ambulante de indulgências de "democracia, direitos humanos e mercado livre" impostos a bombas, a tiros e a sanções. Todas as causas de que se diz paladino carregaram rios de sangue, sofrimento indizível e feridas que o tempo dificilmente sarará. Alegando sempre que outros «estão a lutar por nós» e que urge armá-los para levarem a democracia a povos de carácter e instituições que resistem à imposição de um poder neo-colonial que os remete para a margem da civilização e, tantas vezes, da humanidade, BHL é o último abencerragem de um certo cosmopolitismo que sec transformou numa insuportável mentira cansada.
A última cruzada é a Ucrânia. O comandante em chefe das forças armadas do regime de Kiev condecorou um dos agentes morais desta guerra que começou com o golpe violento de Maidan, se prolongou em bombardeamentos de populações civis no Donbass e se abeira do fim após a fracassada aventura da NATO. BHL é um diamante aziago. Onde quer que a sua verve incendiária se faça ouvir, a causa que defende sai derrotada. A medalha de Syrskyi é, pois, o anúncio da derrota da Ucrânia.

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