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sábado, 25 de janeiro de 2025

Tive pena do Chega, mas guardo a compaixão:

Quando rebentou a polémica, bateu aquele quentinho no coração. O Chega. Um deputado ladrão. Os cheganos feitos baratas tontas, primeiro, defendiam o homem com unhas e dentes; depois, confirmado o furto, “agarrem-me que eu vou-me a ele”. No fim, o larápio pegou nos pés e pôs-se a andar, enquanto os acheganados espumavam com afinco, por não terem tido a oportunidade de serem eles a expulsar “o malas”.

Rimos. Rimos novamente. E rimos outra vez. Voltámos a rir. E rimos novamente. Agora, bate aquela pena. É que ver deputados do Chega sem argumentos, usando aquele chavão político de topo que é “vamos partir-te a cara aos bocadinhos” e, sobretudo, as olheiras do Querido-líder André que, tão patriota que é, estava nos Estados Unidos e que de tão bom líder que é, reuniu com os seus deputados via Estados Unidos (se calhar o Trump prometeu-lhe um gabinete, sei lá… mal por mal, pode ficar por lá), deu aquele gostinho a justiça poética.

Aquela carinha de totó que nem roubar sabe do deputado Arruda, a carinha de flatulência do deputado sem pescoço (aquele que se senta ao lado do Querido-líder a bater palmas com muita força), a já referida cara de sono de Ventura, a fronha de funeral das Matias e dos Frazões… deu gozo? Deu muito. Agora, mete pena. E a pena é um sentimento muito feio. E dá pena porque essa gente é tão indigente que, ao mínimo escândalo, viram-se todos uns contra os outros. O Chega prometeu “levar as pessoas comuns para o Parlamento”, não tinha dito é que também levava os criminosos comuns… e não ficará por aqui, pois sabemos que 35% da bancada parlamentar do Chega está a braços com a Justiça e que o Arruda é a ponta de um iceberg. O Chega é um titanic, vai navegando e deslumbrando por onde passa, mas um dia vai esbarrar.

Miguel Arruda e a mascote de André Ventura, o líder parlamentar da bancada que não toma banho.

Quanto a Miguel Arruda… o Chega sabia que o homem pedia “um novo Salazar para Portugal”. E nada disse. Também sabia que o homem dizia que “o Mário Machado é uma jóia de moço”. E nada disse. É engraçado que o que revolte o Chega seja o deputado sentar-se atrás deles e continuar a defender as ideias deles. É a vida.

Mas não lhes guardo compaixão. Essa, guardo para as trabalhadoras do Bloco de Esquerda, despedidas enquanto grávidas. O Bloco de Esquerda não cessa na sua estratégia de se tornar, a cem por cento, no “batanete” da esquerda. A hipocrisia a que se prostrou o partido é constrangedora. Importam temas dos Estados Unidos, mas dizem-se contra o imperialismo americano. São contra a ortodoxia comunista, mas fecharam a direcção a um grupo restrito de Estalines. E, acima de tudo, decidiram incluir nos seus quadros gente sem qualquer experiência política, cujos únicos interesses são a vida própria e os próprios interesses. O caso das grávidas não choca. Mas é sintomático. Mas deixará de ser, assim que passarem de 5 para 1 ou nenhum deputado. Há gente inteligente no partido, mas o eixo franco-alemão da Rua da Palma tomou de assalto o poder.

Imagem: Agência Lusa

Nisto do moralismo, é sempre muito bonito andar a bater no peito. Fechem mais a boca e ajam mais. Se no caso do Chega, tal não afectará a sua imagem junto do eleitorado; no caso do Bloco as coisas mudam de figura, mais não seja porque quem vota no Bloco é muito mais exigente com o seu voto do que quem vota nos grunhos das malas.

25/01/2025 by  

Do blogue Aventar 

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