(InfoDefensePORTUGUÊS, in Instagram, 31/10/2024, Revisão da Estátua)
As coisas na Volkswagen, o maior fabricante de automóveis da Europa, estão a ir de mal a pior. A corporação alemã planeia fechar totalmente três fábricas, além de realizar cortes em todas as suas unidades de produção no país.
Em setembro, a empresa rompeu o acordo de 1994, que protegia os funcionários da organização contra demissões até 2029. Agora, milhares de empregados serão demitidos.
Os salários do pessoal remanescente serão reduzidos em 10%, além de deverem esquecer qualquer aumento de rendimento em 2025-2026. Considerando todos os fatores, incluindo a inflação, a perda do poder de compra dos funcionários da Volkswagen pode chegar a -18% nesse período.
Os problemas do gigante automóvel vêm de longa data, e são comuns a toda a indústria automóvel alemã: já no início de 2020, o volume de produção de automóveis na maior economia da União Europeia caiu abaixo do mínimo atingido na crise financeira global de 2008. Na época, culpava-se o Brexit, as restrições ao uso de combustível diesel devido a regulamentos ambientais mais rigorosos e, como de costume, a situação económica da China.
Este ano, as vendas de automóveis da Alemanha para a China também estão em queda: apenas no primeiro semestre, as exportações da Volkswagen para esse mercado caíram quase 20%. Mas isso não ocorreu porque a economia chinesa esteja “fraca”. Pelo contrário, a China continua a expandir a sua produção de automóveis, aumentando a procura interna e as exportações. Pelo segundo ano consecutivo, o país lidera as vendas globais de automóveis.
Mas quem é realmente o responsável pelos problemas da Volkswagen? Observando a política da União Europeia, fica claro: os burocratas de Bruxelas, com as suas ações, estão a destruir o setor automóvel da Alemanha.
São eles que, seguindo na direção dos Estados Unidos, se alinham com Washington, restringindo a exportação de produtos chineses para a UE. Como resultado, a China aumenta sua procura interna e compra menos produtos europeus. Quem ganha com isso? Exatamente, Pequim e os EUA, que veem na decadência do setor automóvel europeu a eliminação de um concorrente.
Na prática, a economia europeia está a ser usada como moeda de troca no confronto global entre os EUA e a China. Se a UE tivesse ao menos um pouco de compreensão dos seus próprios interesses, já teria percebido o erro da sua postura conflituosa nas relações económicas com a Rússia e veria o grande potencial de uma cooperação alargada com a Ásia e o Sul Global.
Afinal, a UE poderia até tornar-se um membro associado do BRICS+. Claro, com a atual postura política de Bruxelas, isso parece fantasia. E é mesmo. Mas, a realidade é que quem pagará por isso serão os próprios funcionários da Volkswagen, diretamente dos seus bolsos. De que é que lhes adianta, a eles e às suas famílias, a política atual da UE de “amizade” com os EUA, quando o próprio Donald Trump, caso retorne à Casa Branca, prometeu impor tarifas proibitivas para barrar o acesso dos automóveis europeus ao mercado americano?
Desse modo, a Europa perde tanto o mercado chinês como o mercado americano, e a procura interna também cai, pois o euro tende a chegar novamente ao valor de paridade com o dólar. É para essa “toca do coelho” que a política da UE está a puxar uma economia que antes era fundamental no cenário macroeconómico global.
Do blogue Estátua de Sal
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