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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

EM BUSCA DOS NAZIS DO SÉC.XXI :

Não sei se vocês se lembram, provavelmente sim porque a vossa memória é melhor do que a minha, aquele momento da invasão em Gaza onde as IDF (Israel "Destruction" Forces) pediram a todos os doentes e recém-nascidos ligados a incubadoras que se fossem embora do hospital e tratassem da vida mais a sul.

Por essa altura o hospital era "uma base do Hamas cheia de túneis" e, se a memória não me falha, depois de matarem uns quantos civis e arrasarem o hospital, as IDF encontraram uma mochila com equipamento, deixada mesmo a jeito das televisões de propaganda israelitas. Por esta altura ainda havia um ou outro jornalista em Gaza pelo que, a verdade não foi apenas a que Israel quis espalhar. Todos percebemos o que aconteceu.
Um ano depois do início da invasão, este hospital já foi bombardeado 7 vezes. Repito: 7 vezes! No último bombardeamento queimaram mais umas quantas pessoas, mulheres e criancas principalmente, e deixaram os servicos médicos, que já funcionam como se estivessem na idade média, a bracos com doentes cheios de queimaduras, alguns em 40 ou 45% do corpo.
Há várias coisas que me deixam intrigado aqui. Desde logo, a necessidade de continuar a bombardear edifícios civis com a desculpa de combater o Hamas. Afinal...o Hamas está de joelhos, como dizem alguns comentadores da propaganda das televisões portuguesas, ou não? Por outro lado, quantas vezes é preciso bombardear o mesmo hospital para que o ataque deixe de ser cirúrgico?
O que Israel está a fazer em Gaza já não é combater o Hamas. Essa guerra está mais do que perdida. O que o governo genocida de Netanyahu tenta é deixar Gaza absolutamente inabitável, matando, expulsando, ocupando ainda mais, aquilo que já era uma prisão a céu aberto.
O que Netanyahu faz, em cada dia que acorda como líder deste governo, é cometer um crime de guerra e continuar o caminho de destruicão que, até ver, lhe vai garantindo a fuga aos processos internos de corrupcão e, claro, as acusacões do TPI que, cedo ou tarde, lhe vão cair no colo.
Há um conjunto, ainda assinalável, diga-se, de gente, que presta vassalagem e devocão a este governo sem outra desculpa que não seja ideologia ou racismo. Não há outra forma de perceber, com tantas imagens e evidências, como é que alguém ainda apoia as invasões israelitas.
Há quem tenha a suprema lata de criticar António Guterres e as forcas de paz das NU, por não terem conseguido desarmar o Hezbollah. Epá...mas a que propósito é que se deve desarmar seja quem for em redor de Israel? Se eles bombardeam quem querem, quando querem e como querem, sem qualquer interferência da comunidade internacional, há décadas, imaginem a vida daquela gente se se continuassem a defender apenas com pedras.
Tenham juízo e por uma vez na vida sejam decentes na análise. Quem é Israel para condenar as resolucões ou o trabalho das Nacões Unidas no terreno? Qual foi a última vez que Israel cumpriu, fosse o que fosse, das decisões da Assembleia Geral das NU? Fazem eles, por acaso, algo que não seja seguir a sua própria estratégia de matanca com o apoio dos EUA?
Estou cansado de ouvir esta conversa de merda e a hipocrisia ocidental. Não há forma de defender esta gente. Vejo minitros israelitas, o porta-voz das IDF e até uns quanto idiotas úteis da nossa praca, a defender que as forcas de paz (das NU) se devem afastar do caminho, para que Israel possa arrasar o Líbano tranquilamente.
Digam-me, meus iluminados de guerra, em que momento da nossa história é que um povo, ao ser invadido e a ver familiares assassinados, se tornou mais dócil e passou a aceitar o seu destino? O que é que acontece a cada nova bomba, a cada hospital arrasado, a cada crianca assassinada pelo exército israelita? Submissão ou mais ódio ao invasor?
Durante o holocausto na década de 40 do século passado, milhões de judeus foram exterminados. O mundo não assistiu de bracos cruzados, porque, boa parte do que se passava nos campos da morte só foi descoberto depois da derrota nazi. Não havia redes sociais ou bombardeamentos em direto. Ninguém duvida dos horrores que os judeus sofreram e julgo, ou pelo menos quero acreditar, que tal tragédia seria impossível de acontecer no século XXI.
Contudo...acontece, em direto e com provas diárias de massacres. Não podemos dizer que não sabemos, que só ouvimos contar, que desconfiamos sem ter a certeza. Não. Vemos mulheres e criancas chacinadas, milhões de palestinianos deslocados, aceitamos campos de refugiados há mais de 5 décadas, aceitamos muros com armas em seu redor e até damos de barato milhares de prisioneiros só porque sim. Vemos a versão palestiniana do Holocausto desde que nos lembramos e hoje, neste dia, neste ano que passou, assistimos à destruicão de Gaza e ao assassinato de mais de 40 000 pessoas sem piscar o olho. Vimos 2 milhões de seres humanos encurralados por muros, sem ter para onde fugir, a morrer debaixo de escombros a cada bombardeamento. Vimos, ninguém nos contou.
E ainda há quem consiga dizer que é preciso apoiar Israel e permitir que acabem o trabalho de "limpeza", agora, no Líbano?
Meus amigos, se é isto que pensam e, perante o que vemos todos os dias, ainda conseguem encontrar formas políticas, ideológicas e raciais de justificar a barbárie, pois bem, estão encontrados os nazis do século XXI. São vocês.

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