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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Mentirolas e a “arte” do pianista:

 (Joaquim Camacho, in Estátua de Sal, 29/05/2024, revisão da Estátua)


(Este artigo resulta de um comentário a um texto que publicámos, de Whale project,, sobre a vinda de Zelensky a Portugal, (ver aqui). Pela sua atualidade e assertividade de pontos de vista, resolvi dar-lhe destaque.

Estátua de Sal, 29/05/2024)


Acabei há pouco de ver o Telejornal de ontem da RTP-1, que não consegui ver em direto. Completamente empapado, no bacoquismo patético do acompanhamento da visita de Sua Excelência Herr Zelensky von Pandora Papers ao nosso florido jardim, era vê-las, às húmidas bacoquices, enriquecidas por algumas aldrabices, florir como percevejos. Dir-me-ão, a abrir, que o aldrabão sou eu, porque os percevejos não dão flor. Porra, que já fui apanhado, admito que faltei à verdade, processem-me!

Mas adiante. Entusiasticamente postado à porta do palácio de Belém, esperando o momento previsivelmente excitante da saída de Sua Excremência… perdão, Sua Excelência Herr Zelensky, perorou o alegado jornalista Vítor Gonçalves, ipsis verbis, o seguinte:

“Por outro lado, Zelensky também foi informado de que Portugal está empenhado na cimeira da paz que o presidente da Ucrânia está a lançar e que vai ocorrer nos próximos dias 15 e 16 de Junho na Suíça. Essa cimeira está a ser encarada como um momento para lançar a paz para a Ucrânia, APESAR DE A RÚSSIA JÁ TER DITO QUE NÃO FARÁ PARTE DESSE ENCONTRO.”

Ora, não acredito que o alegado jornalista Vítor Gonçalves não saiba que está a impingir-nos o filme ao contrário. Ou seja, não foi a Rússia que disse que não estaria presente no encontro, foi o próprio organizador, o comediante canastrão de Kiev, que declarou, preto no branco, que a Rússia não estaria presente porque não seria convidada, pois ele não a queria lá. Ora, é sabido, porque ampla e repetidamente divulgado, que a dita conferência de paz tem um programa e condições pré-definidas. Lembro-me das seguintes:

1) Retirada da Rússia de todos os territórios ocupados, incluindo a Crimeia e todos os do Donbass controlados pelas forças separatistas desde 2014.

2) Pagamento, pela Rússia, de todos os estragos causados à Ucrânia pela guerra.

3) Julgamento, em tribunal internacional, dos responsáveis russos pela invasão, nomeadamente o próprio Vladimir Putin.

É claro que, com tais “conclusões” previamente estabelecidas e há muito conhecidas, nunca a Rússia aceitaria um eventual convite, mas não é essa questão. No frenesim subserviente do nosso mainstream merdia, a mensagem transmitida pelo alegado jornalista Vítor Gonçalves foi a seguinte:

“Vocês estão a ver como aqueles pretos das neves da Moscóvia são uns mauzões que não querem ouvir falar de paz, recusando-se a ir a uma conferência de promoção da dita pela generosidade e boa vontade de Herr Zelensky?”

Passo à mentirola seguinte. Uns minutos depois, o pivot Adelino Faria entrou em “esclarecedor” diálogo com a editora de política internacional da RTP, Márcia Rodrigues, que nos informou do “enorme choque” sofrido há um ano pelo canastrão de Kiev, magnífico artista que em tempos se especializou em “tocar” piano com a pila. E que choque inesperado, sofrido há um ano, foi esse? De acordo com D. Márcia, resultou de ter sido o genial pianista fálico informado de que não iria a Ucrânia ser imediatamente admitida na NATO. Ora, eu também não acredito que a alegada jornalista Márcia Rodrigues, editora de política internacional da RTP, não saiba que os estatutos da NATO proíbem expressamente a admissão de países em guerra, como é o caso da Ucrânia, e que o dono da pila pianista estava igualmente farto de o saber, pelo que é absolutamente falso que, HÁ UM ANO, tenha sofrido um enorme choque ao ser informado disso.

Enfim, é a paisagem merdiática que temos, não há volta a dar.

Para quem duvida de que o magnífico artista “tocava” mesmo piano com o pirilau, eis a prova. Ver aqui.

Do blogue Estátua de Sal

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