O assassinato de carácter de Ivo Rosa tem usado, até agora, os seguintes sofismas e calúnias:
– Está contra o juiz Carlos Alexandre. Ou seja, Carlos Alexandre é a vítima.
– Está contra o Ministério Público. Ou seja, o Ministério Público é a vítima.
– É ultra-garantista. Ou seja, protege os criminosos por serem criminosos.
– Perde sistematicamente os recursos na Relação. Ou seja, é inepto para o cargo, é uma aberração.
– É ingénuo e ignorante. Ou seja, é estúpido.
– Faz parte de uma teia de magistrados que usa as leis para proteger políticos do PS e os poderosos em geral. Ou seja, é corrupto pois usa os seus poderes para safar os corruptos.
Quem o diz é a elite dos impérios da comunicação, da política, da Justiça e do Estado. Um coro que irrompeu furioso contra o juiz a quem foi dado o processo mais importante da Justiça portuguesa em democracia para ter sobre ele um olhar isento e uma decisão corajosa. Precisamente o que ele fez.
Mas se Ivo Rosa é isso que agora dizem ser, como é que chegou ali? Quem são os seus cúmplices no Conselho Superior da Magistratura? Ninguém faz essa pergunta porque ela é absurda, porque se está numa obsceno regabofe de politização da Justiça para fins de judicialização da política. O ataque – sem paralelo conhecido em democracia – a um juiz nasce de se estar a querer proteger outro juiz e a parte do Ministério Público que o utiliza para cometer abusos e crimes.
Esse outro juiz viola os seus deveres, sem que tal cause a mínima preocupação aos assassinos de Ivo Rosa. Esse outro juiz abdica de ser o defensor dos direitos dos arguidos para ser um super-procurador, e os assassinos de Ivo Rosa aplaudem porque tal só atinge os seus adversários políticos. Esse outro juiz perde recursos na Relação tal como Ivo Rosa, sendo que Ivo Rosa também os ganha, mas disso não se pode falar para continuar a diabolização de Ivo Rosa. Esse outro juiz revelou numa entrevista que foi para juiz porque, púbere, ouviu um padre a contar pormenores da vida privada de terceiros aquando de um escândalo na terra e o cachopo adorou essa devassa. Esse outro juiz espalha teorias da conspiração contra o sistema de Justiça e o Conselho da Magistratura troca-lhe a fralda, limpa-lhe o rabinho e põe pó de talco.
Isto de se ouvir um conselheiro de Estado escolhido por Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que Ivo Rosa é “um perigo à solta” funciona como lente gravitacional: mostra que o Presidente da República, o qual não censurou o seu conselheiro nem protegeu o juiz alvo do inaudito e torpe massacre, pensa como Marques Mendes. Algo muito valioso, portanto, os assassinos de Ivo Rosa perderam na tarde de 9 de Abril de 2021 (para além da cabeça e dos restos de vergonha).
Do blogue Aspirina B
POR VALUPI
Sem comentários:
Enviar um comentário