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domingo, 21 de agosto de 2011

Uma noite em branco:

Uso este aforismo para dizer que foi uma noite de espera pela grande final de futebol de sub 20. Como eu, milhares de Portugueses, mandaram o sono ir dar uma volta por que estes jovens mereciam o nosso “sacrifício”, não fossem eles o exemplo desse mesmo sacrifício.
Partiram para ali como quem parte para a forca: condenados. Depois os “carrascos” tiveram a lucidez de ver que afinal os condenados à “forca” não tinham cometido nenhum crime e estavam ali por direito próprio. E, estão a pedir contas à comunicação social portuguesa pelo facto de não terem evidenciado este abnegado grupo.

Quanto a mim foi uma táctica usada pelo Seleccionador Nacional (Ilídio Vale) para não dar trunfos aos adversários, porque fora isto, a comunicação social portuguesa, tanto escrita como falada, já nos deu sobejas oportunidades de realçar os humildes.
É ver o tempo que gasta com o futebol de segundo escalão e com selecções de “segundo plano” como consideraram esta?! Não fora o atrevimento de se apurarem para a fase seguinte e daí seguirem até à final uma grande parte dos portugueses não tinha conhecimento da sua partida. Também não convinha divulgar porque era dar nome ao País da droga e da insegurança.
Não se viu o Presidente da República e o Governo fazer uma cerimónia de partida! Também não podiam porque andam numa azáfama com a Troika e férias. Como não frequento o facebook não sei se por lá anda alguma mensagem.
Outros tempos? Estes não mereciam! Não há nenhum jogador a jogar nos três grandes e grandes no estrangeiro. Não fazem vender papel e publicidade. Alguns até eram de opinião que não deviam de ir disputar o campeonato do Mundo. Só iam dar despesas e o País não se pode dar a esse luxo.
Mas... o destino prega-nos cada partida. De uma selecção de “segundo plano” passaram a heróis nacionais. Os que nada diziam passaram a bajuladores. Não admira! Fazem o que o patrão ordena e a ocasião assim o exigia – é como diz o ditado: a ocasião faz o ladrão.
 Estes “ladrões” roubaram-me o sono. Há jogos em que não aguento uma primeira parte. Neste aguentei primeira, segunda e prolongamento. Dá gosto ver tão abnegados jogadores. Põem de parte o exibicionismo e optam pelo trabalho. Arregaçam as mangas e fazem jus aos nossos antepassados: antes quebrar que torcer. E... foi o que aconteceu.
O Brasil, partiu desde inicio a par da Espanha, mais uma outra depois, como favoritas, mas faltava demonstrar em campo esse favoritismo. Portugal foi a prova provada em como isso não é um dado adquirido. Faltava-nos vedetas… sobrava-nos em operários.
Entendo que o Brasil foi um digno vencedor. Fiquei maravilhado com a postura de uma e outra selecção durante os cento e vinte minutos! Jogo viril mas leal. Acabado este há que dar os parabéns aos vencedores e foi o que os portugueses fizeram sendo contemplados com a compreensão dos brasileiros – só pode haver um vencedor. Dá prazer ver exemplos destes e há que elogiar a organização e o país organizador. É raro ver-se campeonatos do mundo de futebol com esta bitola.
Aos jogadores portugueses, equipa técnica e membros da federação aceitem este meu conselho. Partiram como anónimos e anónimos queiram ser. Só aceitem cumprimentos e elogios do povo anónimo português porque foram estes que acreditaram em vocês e desinteressadamente passaram… “uma noite em branco”.

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